Encerrada capacitação sobre atendimento a pacientes com anemia falciforme

O cuidado no atendimento de pacientes com anemia falciforme foi tema de oito capacitações promovidas pelo Município de Corumbá a equipes de unidades básicas de saúde. O curso foi realizado pela Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Núcleo de Educação Permanente. Os treinamentos começaram no meio do ano e se estenderam até dezembro. Foram capacitados 140 profissionais que estão divididos em 12 equipes de saúde. A psicóloga Cláudia Natacha Bassi Dagel, que faz parte da direção executiva da Associação Corumbaense das Pessoas com Doenças Falciformes e outras Hemoglobinopatias (ACODFAL), foi responsável por ministrar os treinamentos.


Conforme Cléber Colleone, coordenador do Núcleo de Educação Permanente da Secretaria Municipal de Saúde, o objetivo das capacitações foi orientar as equipes de saúde para que conheçam melhor a doença e saibam acolher os pacientes de maneira mais adequada. Em Corumbá há cerca de 15 pessoas com essa doença que representa condição de muita dor e incapacitação. Cléber explicou que se trata de uma doença crônica em que os pacientes estão em constante tratamento, sendo este um problema genético. A pessoa pode passar alguns anos sem ter sintomas e de repente apresentar sinais bastante graves da doença como dores intensas, anemia, prostração, sono e cansaço.


“Precisamos ter um olhar diferenciado com essas pessoas porque elas podem, de uma hora para outra, apresentar piora muito expressiva, colocando até em risco a própria vida. É necessário que a população esteja alerta aos cuidados de prevenção à doença. A gente precisa ter essa visão de que a pessoa com doença falciforme pode ter uma boa qualidade de vida, mas as equipes de saúde e as famílias precisam estar atentas a quem possui essa condição porque é algo muito diferenciado”, afirmou Colleone.


A capacitação foi organizada depois da publicação da Resolução nº 3, de 19 de dezembro de 2016, que instituiu o Protocolo de atendimento integral às pessoas com doença falciforme, traço falciforme e outras hemoglobinopatias na Rede Pública Municipal de Saúde de Corumbá. Os pacientes de Corumbá que estão sendo acompanhados clinicamente por apresentarem sintomas da doença fazem tratamento em Campo Grande com um hematologista e a Atenção Básica do Município oferece todo o suporte para esses eles nas questões mais simples. O tratamento é possível através do acompanhamento da Central de Regulação.


Na urgência e emergência do Município, sempre tem prioridade pacientes no critério de avaliação de risco. Como as pessoas com anemia falciforme sentem muitas dores, acabam tendo preferência no atendimento. No entanto, quem faz essa avaliação é o profissional responsável pela triagem nas unidades de urgência e emergência.


Sobre a doença


Nosso sangue é formado por milhões de células chamadas hemácias, os glóbulos vermelhos. As hemácias são arredondadas, achatadas e elásticas e possuem pigmento denominado hemoglobina, responsável por levar oxigênio dos pulmões para todo o corpo através da corrente sanguínea, para que todos os órgãos funcionem normalmente. As hemoglobinopatias são doenças genéticas que afetam a hemoglobina. A doença falciforme é o exemplo mais comum das hemoglobinopatias.


Anemia falciforme é uma doença hereditária (passa dos pais para os filhos) caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, daí o nome falciforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia. Conforme Ministério da Saúde, são sintomas da doença dores intensas por causa da obstrução de pequenos vasos sanguíneos pelos glóbulos vermelhos em forma de foice. A dor é mais frequente nos ossos e nas articulações, podendo, porém atingir qualquer parte do corpo. Cor amarelada nos olhos e na pele também é sintoma porque quando o glóbulo vermelho se rompe, aparece um pigmento amarelo no sangue que se chama bilirrubina, fazendo com que o branco dos olhos e a pele fiquem amarelos.


Nas crianças pequenas as crises de dor podem ocorrer nos pequenos vasos sanguíneos das mãos e dos pés, causando inchaço, dor e vermelhidão no local. Pessoas com doença falciforme têm maior propensão a infecções e, principalmente as crianças podem ter mais pneumonias e meningites. Por isso elas devem receber vacinas especiais para prevenir estas complicações. É comum terem feridas nas pernas, mais frequentemente próximo aos tornozelos, a partir da adolescência. As úlceras podem levar anos para a cicatrização completa, se não forem bem cuidadas no início do seu aparecimento.


O baço é o órgão que filtra o sangue. Em crianças com anemia falciforme, o baço pode aumentar rapidamente por sequestrar todo o sangue e isso pode levar rapidamente à morte por falta de sangue para os outros órgãos, como o cérebro e o coração. É uma complicação da doença que envolve risco de vida e exige tratamento emergencial.

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