Os cordões vão levar à avenida a mais antiga tradição do Carnaval de Corumbá. Quatro entidades vão desfilar na noite de terça-feira, 13 de fevereiro, levando alegria aos foliões. O mais antigo cordão completou no dia 20 de janeiro 85 anos de existência. Chamado inicialmente de “Mama na Burra”, hoje conhecido como “Paraíso dos Foliões”, o cordão surgiu em 1933, tendo sua primeira diretoria formada no ano seguinte. Já foi campeão de desfile por 25 vezes e desde 1965 o senhor Severino Siqueira está à frente da entidade carnavalesca.
“Antigamente, os cordões saíam às 15 horas e não tinha ajuda do Município. Um livro de ouro passava pela cidade para que a população pudesse cooperar com o desfile. O povo doava dinheiro, tecido, tudo. Os cordões atraíam muito mais gente. O povo hoje não quer mais brincar com os cordões, estamos perdendo a tradição”, lamentou o senhor Severino. “Antigamente ensaiávamos por três meses antes da apresentação, este ano faremos apenas três ensaios, mas esperamos que seja um dos melhores carnavais. Antes, o pessoal colaborava mais. Queremos que a população venha participar para ter bastante gente nos cordões. Também estamos prontos para receber os turistas que quiserem participar”, completou.
De acordo com ele, quem quiser participar do Paraíso dos Foliões não precisa pagar nada, basta entrar em contato que recebe roupa e fantasias. Severino foi o responsável pela criação da União das Entidades Carnavalescas de Corumbá, quando havia 15 entidades vinculadas. A instituição foi extinta e, em 2004, ele fundou a União dos Cordões Carnavalescos, hoje com quatro entidades filiadas.
O segundo mais antigo cordão, foi fundado em 03 de fevereiro de 1943 por Odir Xavier Flores, que ficou à frente do “Cravo Vermelho” por quarenta anos, até que em 1983 sua esposa e seu filho Adenir da Costa Leite passaram a ser os responsáveis. O irmão de Adenir ficou à frente por um tempo e há cinco anos o cordão tem Adenir como líder.
“O cordão foi fundado como bloco, com o apelido ‘Batente Alto’ e a sede era na esquina da rua Antônio Maria com a Cuiabá, onde funcionava um bar. Até hoje, para subir naquele local há batentes. Em 1943, o bloco se tornou cordão, quando eu não era nem nascido, já que estou hoje com 71 anos. Naquela época, as famílias se reuniam para irem ao baile à noite. Todos se fantasiavam. Enquanto as mulheres e crianças ficavam no meio, os homens faziam um isolamento, como um cordão. Depois do surgimento dos blocos e escolas de samba, a quantidade de pessoas nos cordões caiu muito”, disse o senhor Adenir.
A Prefeitura Municipal de Corumbá tem apoiado os cordões, resgatando a tradição carnavalesca. Além do “Paraíso dos Foliões” e do “Cravo Vermelho”, desfilam também o “Cinelândia”, fundado em 1960, e o “Flor de Corumbá”, que surgiu em 1993.