Funcionárias do comércio participam de ação de prevenção ao câncer

Desde o dia 07 de fevereiro, o Município realiza o projeto “Exame da Vida”, promovido pela Secretaria Especial de Cidadania e Direitos Humanos, por meio da Coordenadoria de Políticas Públicas para a Mulher. Até às 17 horas desta quinta-feira, dia 08, funcionárias de estabelecimentos do Centro de Corumbá podem realizar exame preventivo na Associação Comercial e Empresarial de Corumbá (ACIC), situada na rua Delamare. A ação é feita em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e visa prevenir casos de câncer de mama e colo uterino, oferecendo o serviço àquelas mulheres que não têm tempo para ir ao médico.

 

A iniciativa para levar o exame preventivo até as mulheres começou com ação pontual no ano passado, para atender àquelas em vulnerabilidade social, ou seja, que recebem o benefício do Bolsa Família. “Ao conversarmos com elas em nossas reuniões de prevenção, elas admitiram que não fazem o preventivo regularmente por falta de tempo. Por isso, resolvemos levar essa política pública para perto das mulheres e deu muito certo”, afirmou Wania Alecrim, coordenadora de Políticas Públicas para a Mulher.

 

Conforme ela, em 2017, 179 exames preventivos foram feitos através do projeto. Em 2018, foi realizada pesquisa de campo e descoberto que mulheres que trabalham no Centro da cidade não têm tempo para cuidar da própria saúde. Embora seja lei que todas façam regularmente esse exame, muitos empresários não cumprem, prejudicando a saúde de suas funcionárias.

 

“Queremos deixar claro para o comércio, para os donos de hotéis, restaurantes, lojas de roupas e calçados e eletrodomésticos, por exemplo, que esse é um direito da mulher. Fizemos essa parceria com o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Corumbá (ACIC), senhor Lourival Vieira Costa, que cedeu a sua sala e transformamos o local em um laboratório com uma profissional de enfermagem excelente”, disse Wania.

 

Wania Alecrim divulgando o projeto no comércio

 

Embora alguns empresários ainda relutem quanto à participação de suas funcionárias na ação, muitos lojistas aderiram ao serviço. Os responsáveis pela ação fizeram escala e nas empresas com muitas mulheres cada uma realizou o exame na hora marcada, estando ausente do ambiente do trabalho por cerca de 20 minutos. Os exames estão sendo feitos das 07h30 às 11h e das 13h às 17 horas. Essa é a segunda jornada do projeto em 2018 que contou com participação da psicóloga da Secretaria Especial de Cidadania e Direitos Humanos. A primeira ocorreu em janeiro e o objetivo é que a cada mês, durante dois dias, a ação seja realizada no mesmo local e horário.

 

Bom para a mulher, bom para o Município


A Secretaria Municipal de Saúde cedeu a profissional de enfermagem, bem como todo o material necessário para o exame e um agente comunitário de saúde. Conforme Thaís Luzio Fernandes, gerente de Atenção à Saúde, essas ações realizadas através de parcerias com outras Secretarias são de fundamental importância para expansão dos serviços de saúde, tanto para benefício do usuário quanto do Município.

 

“Mesmo que às vezes a gente coloque em disponibilidade o atendimento à noite, as mulheres não têm condições de fazer o exame porque têm filhos, família, afazeres de casa. A importância dessas ações é levar à saúde mais perto da população, nesse caso das mulheres que não têm tanto acesso. Além disso, quando você trabalha com prevenção e promoção à saúde fica mais barato para o SUS do que ter que iniciar um tratamento mais caro para a mulher que está doente. Para a mulher, a situação é menos sofrida do que quando você descobre a doença tardiamente”, afirmou Thaís.

 

A Gerência de Atenção à Saúde é responsável pela atenção básica do Município, abrangendo todas as Unidades Básicas de Saúde, as 26 equipes de saúde da família e todos os programas de saúde (academias, Mais Médicos, NASF, tabagismo, etc). A média complexidade (especialidades, exames e farmácias, UPA, SAMU, pronto-socorro) também é de responsabilidade da Gerência.

 

Papanicolau: Simples e necessário, porém, constrangedor


Não é só o homem que se constrange em fazer o exame de toque. As mulheres também relutam em fazer o preventivo. “É muito interessante a mulher se preparar psicologicamente porque uma vez por ano ela tem que fazer esse exame, que é muito constrangedor. Você tem que pensar que tem que cuidar de si para não ter que enfrentar um câncer. Pelo exame são detectadas doenças sexualmente transmissíveis porque vai é através dele que se avalia se as células estão alteradas ou se há corrimento decorrente de DST”, afirmou a enfermeira Marjorie Gonçalves Marques Pereira, que realiza a coleta do material.

 

“Nesse processo são coletadas duas amostras, uma das células da região por onde o pênis entra e uma de dentro do colo. Quando você faz a coleta de dentro do colo, a mulher sente uma pequena cólica no pé da barriga, que é a prova que coletou as células mais importantes. As duas amostras serão avaliadas para saber se tem alterações nas células ou não, por isso, é indicado que a mulher não tenha relações sexuais por pelo menos três dias antes do exame”, explicou a enfermeira.

 

Mais conhecido como “preventivo”, o exame de Papanicolau deve ser realizado uma vez por ano por mulheres que já tenham tido, pelo menos uma vez, relação sexual, independente da idade. Se o resultado der alterado, é necessário fazer a cada seis meses. “Às vezes, a mulher diz que não tem mais marido, não tem mais relações sexuais e por isso acredita que não precisa fazer, mas precisa porque muitas vezes o vírus está incubado e de repente aparece”, disse Marjorie.

 

Pacientes passam pela psicóloga antes do atendimento

 

Na ação feita pelo Município, o diagnóstico sai entre 30 e 45 dias, já que o material coletada é enviado a Campo Grande para análise. As participantes do projeto vão receber o resultado nas próprias empresas, que serão entregues pela própria Wania Alecrim, idealizadora da ação.

 

Funcionária de uma loja de vestuário localizada no Centro de Corumbá, Antonia Alves Ribas soube da ação no dia anterior, quando a equipe da Coordenadoria de Políticas Públicas para a Mulher passou em cada estabelecimento comercial informando sobre o serviço. “A gente que trabalha no comércio quase não tem tempo e essa ação caiu como uma bênção para a gente, não podemos perder essa oportunidade. É muito importante fazer esse exame sempre”, disse a vendedora. Com relação ao patrão, ela garantiu que a situação foi tranquila. “Ele incentivou. Na mesma hora disse que quem quisesse fazer o exame estaria liberada”. 

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