Na cozinha da Vanessa é de onde saem as criações de chocolate. Do escritório no quintal da Gabi é que nascem os projetos de papel para festas e eventos. Já a loja de roupas da Jalila fica a uma quadra de casa. “As mulheres empreendem, muitas vezes, para estar perto da família e ter flexibilidade na agenda. O mais curioso é que o foco é a qualidade de vida, mas elas acabam se profissionalizando mais e acelerando o próprio sucesso”, aponta o secretário de Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Corumbá, Renato Lima.
Em Corumbá, elas são maioria no total de microempreendedores individuais, e, junto com os homens, colocam o município em quarto lugar com o número de MEIs em Mato Grosso do Sul. São atraídas para administrar o próprio negócio por conta da necessidade e, muitas vezes, por conta da maternidade. “O escritório em casa permite que eu tenha uma agenda mais flexível para a família e significa que eu defino as horas trabalhadas. Muito diferente se estivesse em uma empresa, por exemplo”, explica Gabriela Flores, dona da empresa Balão de Papel, que produz papelaria personalizada para festas e eventos.
Designer e analista de mídias sociais, Gabi uniu a experiência profissional ao hobby de papelaria e montou a loja virtual, atendendo clientes do Brasil inteiro. “Como o meu negócio é sazonal, defino estratégias distintas para o ambiente online e para o cliente local”, aponta. E para atender online, o MEI foi a solução: “Com o MEI eu emito nota fiscal e garanto ao meu cliente uma transação segura, pois ele sabe que é um trabalho profissional envolvido com o pedido dele. Além disso, como microempreendedora individual eu faço o recolhimento para a aposentadoria”, finaliza.
O empreendedorismo pode bater à porta de alguém por necessidade ou como uma excelente oportunidade. Para a assistente social Vanessa, que já tinha trabalhado em uma confeitaria durante a faculdade, foi a segunda alternativa. Por não encontrar emprego na área de formação, estudou o mercado de chocolates, resgatou sua experiência na área e abriu o próprio negócio.
“A D’Gustadora nasceu há quatro anos, fornecendo pães de mel em apenas um ponto de venda. Hoje já estamos com 15 locais para ofertar nossos produtos. Diversificamos nossa produção para datas comemorativas, temos o buffet de brigadeiro gourmet para eventos e todos os anos lançamos três produtos”.
Para ela, o profissionalismo pode ser encarado com bom humor. Juntas, formam uma rede de empreendedoras de peso que, por não se adequarem à realidade do mercado de trabalho, encontraram no empreendedorismo uma maneira de equilibrar as demandas da maternidade, definindo o próprio ritmo de trabalho e desempenho nos negócios. “A empresa apresenta um gráfico ascendente desde a fundação, e esse resultado é conquistado em equipe. Tanto que, neste ano, as funcionárias vão receber 14º salário, por termos atingido a meta no ano passado”, comemora Vanessa.
Formalização em números
Em 2017, o MEI em Corumbá superou o número de outras modalidades de empresa, como ME, EPP e grande porte. É o que aponta pesquisa lançada pela Prefeitura de Corumbá, realizada por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, com o tema “O microempreendedor individual em Corumbá – MS: Perfil e Percepções”.
“Grande parte deste crescimento se dá porque o empreendedorismo é uma válvula de escape para quando a situação financeira se torna mais difícil”, sinaliza Renato Lima. Outro ponto de destaque na pesquisa é que, pela primeira vez, o número de mulheres que assumem pequenos negócios ultrapassou o número de homens. “Em 2016, os homens eram a maioria e representavam 52,75% dos microempreendedores individuais de Corumbá. Em 2017, o jogo inverteu”, aponta.
Espaço exclusivo de atendimento ao empreendedor
Renato Lima explica que, para atender o empreendedor individual, funciona no centro de Corumbá a Sala do Empreendedor – uma parceria entre Prefeitura Municipal e Sebrae/MS –, com orientações e formalização do MEI, que assimila as demandas do empresário local. “É um ambiente para o empresário se capacitar, participar de eventos de acesso a mercado e ampliar os negócios. É mais um elo entre o setor privado e o público”.
Com mais mulheres a frente dos negócios, as empresas poderão ganhar novos formatos com empreendedoras focadas em resultados, que praticam o desenvolvimento de equipes e parcerias estratégicas de peso, sempre equilibrando qualidade de vida e trabalho. Agora é que são elas. Fonte: Sebrae MS.