Pelo Programa Melhor em Casa oferecido em Corumbá, já passaram pacientes de todas as idades: jovens com traumatismos depois de acidentes, idosos e até bebês que já receberam alta. Dependendo do quadro clínico do paciente, a equipe fica a manhã inteira na residência dele, mas há casos em que os profissionais conseguem visitar vários pacientes em um mesmo período do dia.
Dr. Riad Ali Hamie, médico do Melhor em Casa, destacou que com a interação da equipe do programa pode-se perceber o avanço no tratamento, inclusive no resultado dos exames. Atualmente estão sendo atendidos 21 pacientes e há cinco avaliações para serem feitas. Cada equipe do Melhor em Casa tem condições de atender até 60 pacientes. Conforme a enfermeira Silvana Matos, coordenadora do programa em Corumbá, a equipe foi crescendo aos poucos e foi formando um bom grupo. Ela procura reunir os profissionais uma vez por semana para discutir cada caso e avaliar como proceder com cada paciente, se há necessidade de alguma mudança ou como podem agir para melhorar o atendimento.
O médico lembrou ainda que o tratamento domiciliar, além de benéfico aos pacientes e familiares, acaba sendo mais econômico para a administração pública. Conforme ele, um paciente sem estar na UTI custa em média R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia internado no hospital. Recebendo tratamento em casa, ele usa a própria água, energia, alimentação, até o serviço de hotelaria é da própria residência e, além disso, abrem-se vagas nos leitos para pacientes mais necessitados. “É um ganho para a gestão e para o paciente. Com isso, os recursos que vêm podem manter a equipe. Essa é uma tendência mundial porque o paciente sendo atendido em casa é mais econômico para a gestão”, disse Dr. Riad.
Conforme ele, o paciente só vai para o hospital se precisar de uma assistência maior e com mais frequência. Sem o programa, essas pessoas que são assistidas em casa teriam que ir sempre à procura de atendimento intra-hospitalar, com entradas pela UPA ou pronto-socorro. A família acaba construindo vínculo tão forte com a equipe ao ponto de ligar para o telefone pessoal de alguns profissionais solicitando auxílio para algum problema emergencial.
“É disponibilizado o número de telefone da base, mas muitos colegas disponibilizam o telefone particular e muitas vezes somos acionados no final de semana, às vezes, à noite, e eu não me lembro de ter falado não”, contou Dr. Riad. “Às vezes, acontece uma intercorrência da noite para o dia, mas também damos a orientação em caso de urgência e emergência para que acionem o SAMU. Um dos motivos da criação do programa na nossa cidade é ter o SAMU, pois é preconizado isso”, completou. Ele destacou que o SAMU sempre esteve presente quando solicitado pela equipe.
Ele lembrou que a fisioterapia do programa não pode ser utilizada sozinha, pois para participar do Melhor em Casa o paciente deve necessitar de todos os profissionais. São critérios para entrar no programa: residir na área urbana de Corumbá e que a patologia seja enquadrada na Atenção Domiciliar 2 e 3, conforme Portaria. Afora isso, o paciente tem que ter um cuidador.
Ele ressaltou ainda que a coleta de material para exames de pacientes assistidos pelo programa é feita em domicílio e esse produto é levado para laboratório, que providencia resultado de maneira emergencial. “Esse fator já levou a salvar vida de paciente que está sendo reabilitado, que precisava imediatamente de transfusão de sangue, de ser internado, e isso o salvou”, ressaltou o médico.
Riad falou de parcerias interessantes com a farmácia municipal e o almoxarifado. “A gente chega lá e liberam medicamentos de forma mais rápida. No ambulatório, a responsável consegue priorizar nossos pacientes. Às vezes, temos casos de pacientes que precisam de consulta urgente com alguma especialidade e quando a data é muito distante, conseguem antecipar. Temos alguns parceiros externos também como a ONG que faz reparos em cadeiras de rodas”, afirmou Dr. Riad.
*Melhor em Casa tem reabilitado pacientes e melhorado sua qualidade de vida