Festival Curimba põe umbanda e candomblé na vitrine

O Festival Curimba veio para ficar. O som dos atabaques e dos cânticos e a dança foram um diferencial no Festival América do Sul Pantanal. Na Tenda da Cidadania, onde as religiões de matrizes africanas e afrodescendentes expõem suas imagens em uma réplica dos terreiros, são uma das mais visitadas.

 

E nesta sexta-feira, no Palco Rio Paraguai, no Porto Geral, o Festival Curimba consolidou todo o processo de valorização e reconhecimento deste segmento religioso muitas vezes sufocado por estereótipos e preconceito gerados pela falta de conhecimento.

 

O Festival Curimba contou com a participação importante do presidente da Seccional Intermunicipal da Federação de Cultos Afros e Ameríndios em Corumbá (Sinfecan), Hamilton da Costa Gama, conhecido como Pai Hamilton de Xangô, e de seu filho e braço direito Tel Cosme de Xangô.

 

“Abraçamos o Festival, porque temos certeza que muitos vão sair daqui compreendendo um pouco mais sobre o que é o mundo dos espíritos, seja na umbanda ou no candomblé, e que todos possam propagar o entendimento da nossa fé”, afirmou o Pai Hamilton de Xangô, babalorixá da Tenda Espírita São José, um dos terreiros mais respeitados de Corumbá.

 

O Festival Curimba reuniu representantes da umbanda e canbomblé, que dançaram e cantaram juntos ao som dos atabaques no Porto Geral. O pai de santo Robson de Ogum liderou os candomblecistas e lançou uma mensagem de união. “A benção para quem é da benção, e saravá para quem é do saravá, a nossa união tem de ser a umbanda e o candomblé juntos, sem divergência”, afirmou Robson. “Muita axé, saúde e prosperidade, cada vez mais unidos nessa força que nos vai levar para frente”.

 

O Hino da Umbanda abriu o Festival Curimba, puxado por Milton de Ogum. “Refletir oh! luz divina, em todo o seu esplendor; é no reino de Oxalá, onde há paz e amor”, são os primeiros versos do hino.

 

Para o próximo ano, os religiosos pretendem realizar o Festival Curimba à noite, em horário mais condizente com os trabalhos espirituais feitos para os orixás. Nesta edição, eles conciliaram os horários fazendo uma segunda parte da apresentação na Tenda da Cidadania, onde o fluxo de pessoas foi intenso.

 

“Temos de botar nossa cara para bater, dar visibilidade aos nossos santos, assumir que somos umbandistas, que temos orgulho de nossa religião e que não devemos nada para ninguém”, afirmou Tel de Xangô, babalorixá da Tenda Espírita São José, que tem como mentor espiritual o Cacique Pena Branca.

 

Presente no evento, Leonardo de Oliveira Melo, que conduz a Subsecretaria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial e Cidadania, vinculada à estrutura da Secretaria de Estado de Cultura e Cidadania, destacou os primeiros resultados. “O Festival Curimba está valorizando a cultura de um povo, de uma religião que ainda sofre muito preconceito”, afirmou. “O governador Azambuja e o secretário Athayde Nery estão me dando muita liberdade para trabalhar as religiões, as quilombolas, a capoeira, estamos conseguindo unir todas elas”, acentuou.

 

Festival do Axé em agosto

 

A estimativa da Subsecretaria de Políticas Publicas para a Promoção da Igualdade Racial e Cidadania é de que existam na região de Corumbá e Ladário 463 terreiros de umbanda e canbomblé. Poucos, porém, são registrados. “A Tenda da Cidadania recebeu muita gente, muitos turistas, e até mesmo o cantor Criolo passou por lá, ele vê como muito importante esse trabalho de valorização nas religiões de matrizes africanas”, destacou Leonardo.

 

Em agosto deste ano, conforme antecipou o subsecretário, será promovido no Centro de Convenções, em Corumbá, o Festival do Axé, apenas para as religiões de matrizes africanas, dedicado às mulheres, dentro do Agosto Lilás, com apoio do Governo de Mato Grosso do Sul, da Secretaria de Cultura e Cidadania e da Subsecretaria de Políticas Públicas para as Mulheres. As informações são da Assessoria de Comunicação do FASP.

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