O Festival Gastronômico (Fegasa) está aproximando a população de Corumbá de uma carne exótica que pode se transformar em um atrativo do turismo gastronômico da cidade. “Assim como Maracaju tem a linguiça de Maracaju, São Gabriel do Oeste o porco no rolete e Anastácio a farinha de mandioca, Corumbá pode passar a ter como ingrediente exponencial de sua gastronomia, a carne de jacaré”, disse o professor Sandro Assef, da Fundação Municipal de Turismo.
Durante o Fegasa, que vai até o dia 16 de novembro, com as premiações do Circuito Gastronômico, para os restaurantes que participaram e do Concurso Mestre Pantaneiro, houve Visita Técnica ao frigorífico de jacarés Caimasul, considerado o maior do país e da América do Sul. Além de pessoas da comunidade, foram até o complexo, acadêmicos de Administração do Campus do Pantanal da UFMS, acadêmicos do IFMS, alunos do curso de Hospedagem da Escola Estadual Gabriel Vandoni de Barros e de Gastronomia de um projeto social desenvolvido em Corumbá.
A ideia foi promover o contato dessas pessoas com o jacaré para que elas conhecessem o trabalho que é feito no Caimasul. Elas também acompanharam o abate e tiveram uma aula sobre o aproveitamento da carcaça e do couro do animal que é completamente utilizado na culinária, até mesmo da alta gastronomia, na fabricação de ração, e na confecção de artesanatos e industrialização do couro para produção de bolsas, carteiras, calçados e roupas.
“Nós temos vários outros produtos e sabores, mas com certeza a carne de jacaré, da forma que ela vem sendo produzida, vai se transformar em um dos destaques da gastronomia de Corumbá e, consequentemente do turismo da região”, disse o professor Carlos Espíndola, gerente de Desenvolvimento da Fundação Municipal de Turismo. Ele também atentou para o fato de que a produção é sustentável e, com isso, não agride o meio ambiente, deixando na natureza número suficiente de indivíduos para manter o equilíbrio ecológico e fomentar o turismo contemplativo.
Os visitantes tiveram oportunidade de conhecer o processo desde a chocadeira onde os jacarezinhos nascem, passando pelas baias de cria, recria e engorda e foram também ao setor de abate. Os mais corajosos pegaram uma fêmea de aproximadamente 10 kg no colo. Ela é a mascote do frigorífico e tem temperamento dócil, mas todos foram alertados de que o jacaré não é um bicho para se brincar com ele, pois pode se tornar muito agressivo.
Durante o Fegasa a carne de jacaré é o ingrediente principal das receitas que fazem parte dos cardápios de nove restaurantes que estão participando. Ela também será explorada nas aulas show que serão ministradas na sede social do Sindicato Rural de Corumbá. Helvécio Maciel, cheff renomado internacionalmente e que é o responsável pela cozinha do Caimasul dará duas aulas e vai ensinar como fazer os cortes da carcaça que pode ser toda aproveitada.
Helvécio também vai preparar as merendeiras da Rede Municipal de Ensino para trabalhar a carne de jacaré. A REME já utiliza o peixe na merenda dos alunos, futuramente poderá incluir também o jacaré que tem uma carne muito nutritiva, proteica e saudável, pois contém pouco teor de gordura. “As pessoas têm uma ideia de que, do jacaré, só se come a cauda, mas não, todo ele pode se aproveitado e existem partes muito mais saborosas”, ressaltou.
Além de Helvécio, Emerson Aguirre estará ensinando a fazer coxinha de jacaré ao molho roti com risoto de arroz grego. As aulas show têm como objetivo difundir a culinária e enaltecer determinados ingredientes e, neste caso, uma carne típica da região pantaneira que somente agora está sendo valorizada, é a vedete do show. O Fegasa é coordenado pela Fundação Municipal de Turismo que funciona no Centro de Convenções do Pantanal.