A viola de cocho dele se calou, mas outras irão continuar tocando o cururu para embalar a dança do siriri. Afinal, este é o legado do que existe de mais profundo do folclore pantaneiro, deixado por Agripino Soares de Magalhães.
Para o prefeito Marcelo Iunes, Corumbá perdeu uma peça importante de sua cultura, “um homem de bem, trabalhador e mantenedor de sua crença, que batalhou incansavelmente para manter a sua fé e honrar suas tradições”, avaliou o prefeito.
“O que nos resta agora é dar prosseguimento ao que ele sempre honrou, a dádiva que recebeu de divulgar e manter a cultura do cururu e do siriri, embalados por sua viola de cocho. Vamos lembrá-lo e saudá-lo sempre em nosso Arraial do Banho de São João”, afirmou Marcelo Iunes.
Nascido em 1918, seo Agripino sempre foi o responsável pela ladainha do levantamento do mastro de São João. Faria 102 anos no dia 11 de junho, mas faleceu hoje, levando com ele a certeza de que aquela viola feita do tronco da ximbuva, árvore da flora pantaneira e que no passado tinha cordas feitas de tripa de macaco vai continuar dando o tom das rodas festeiras.
A Prefeitura de Corumbá, em um momento desses, reconhece a importância da perda de um grande ícone da cultura popular da região.
Seo Agripino foi um dos maiores responsáveis pela inscrição da Viola de Cocho no Patrimônio Imaterial do Livro dos Saberes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2005.
A despedida não é um momento fácil de ser transposto, mas é o ideal para reforçar o compromisso com a manutenção de nossas tradições culturais e garantir que tudo o que seo Agripino disseminou será fortalecido pelo Executivo Municipal.
Que vá em paz grande mestre cururueiro. Que Deus o receba com a alegria que você sempre teve para embalar o povo corumbarnse em mais de um século de sua existência.