Pelo segundo ano consecutivo, a pandemia de Covid-19 impediu a realização do tradicional Arraial do Banho de São, festa promovida pela Prefeitura de Corumbá ao longo dos históricos paralelepípedos da rua Manoel Cavassa. Margeada pelos casarões do Porto e pelas sinuosas águas do Rio Paraguai, a via costumava ficar ainda mais charmosa com as bandeirolas, o mastro e as bandeiras de São João.
Ponto alto da festança, a noite do dia 23 para 24 de junho – quando o Santo é celebrado pela Igreja Católica e religiões de matriz africana – costumava levar cerca de 40 mil pessoas ao local. À meia noite, a queima de fogos saudava São João e encantava não só a multidão que se aglomerava entre as barracas (com comidas e bebidas típicas) e o palco principal (onde a presença de artistas nacionais era comum), mas principalmente os fiéis que levam suas imagens para o banho.
É justamente esse ato de banhar o andor na Prainha do Porto que foi recentemente considerado pelo IPHAN como Patrimônio Imaterial do Brasil. Foi esse um dos principais motivos que fez a Prefeitura permitir essa manifestação de fé, entretanto, com diversas regras de biossegurança para resguardar a saúde dos munícipes. Os festeiros entenderam e cumpriram as medidas à risca. O Grupo de Fiscalização Integrada (GFI), presente no local, não registrou nenhum incidente.
Andor oficial
Entre centenas de devotos, o andor oficial da Prefeitura de Corumbá também cumpriu sua missão. Depois de ser abençoada pelo Padre Júlio César Mônaco, que celebrou a missa na Capela de São João – localizada bem ao meio da Ladeira Cunha e Cruz, a imagem foi carregada pelo prefeito Marcelo Iunes e servidores da Fundação da Cultura até a Prainha.
“É importante manter essa tradição de trazer o andor oficial da Prefeitura para o Rio Paraguai, principalmente nesse ano que nós ganhamos o título de Patrimônio Imaterial da cultura brasileira. Esse título foi por causa dessa devoção que nós temos por São João, que não é só festa, é muita fé, muita história”, afirmou o prefeito.
“Infelizmente, por causa de uma pandemia, o São João foi diferente. Mesmo assim nós mostramos a realidade do que é a devoção do povo corumbaense. São mais de cem famílias com os andores, todos enfeitados, na cidade. Hoje alguns desceram para cá, respeitando o Decreto, e outros preferiram ficar em casa. Alguns até pegaram a água aqui do rio para dar o banho no Santo na casa deles. É importante isso”, completou o chefe do Executivo municipal, que estava acompanhado pela primeira-dama e secretária de Assistência Social e Cidadania, Amanda Balancieri Iunes.