Encabeçada pela organização independente Médicos do Pantanal (MDP), a expedição deste ano percorreu, durante 13 dias, mais de mil quilômetros de caminhos pantaneiros entre Porto Jofre, no Mato Grosso, e Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Ao todo, o MDP realizou aproximadamente mil atendimentos e procedimentos médicos e odontológicos além de distribuir mais de três toneladas de material de higiene pessoal, material escolar, brinquedos, roupas, alimentos, entre outros itens. Integraram ainda a expedição médicos veterinários que trataram de animais domésticos de pequeno porte, realizando atendimento, vacinas, exames e procedimentos cirúrgicos.
A equipe – composta de médicos, dentistas, veterinários, enfermeiros e pessoal de apoio, vindos de diversos estados do Brasil de forma voluntária – viajou a bordo de picapes e jipes com tração nas quatro rodas. A Marinha do Brasil também integrou a expedição, cedendo dois caminhões que ajudaram no transporte dos materiais e militares. Além disso, apoiaram a manutenção dos veículos da expedição que enfrentam as dificuldades dos caminhos.
Durante o planejamento das ações, o MDP fez o levantamento dos lugares com melhor estrutura para montar as bases de atendimento. Este ano, foram visitados 26 pontos e oito bases de atendimento. Também foram assistidas as escolas das comunidades locais com palestras sobre higiene e cuidados com a saúde, além da distribuição de escovas e pastas de dente, material escolar e brinquedos.
“Por dificuldade de acesso ou por morarem muito no interior do Pantanal, os moradores da região dificilmente conseguem atendimento de saúde, nem mesmo quando realmente precisam, sem preocupação com a prevenção de doenças. Tratamos geralmente de pessoas hipertensas, com contusões, artroses, artrites, problemas de visão e dentes, que com o tempo, comprometem muito a saúde das pessoas. Cuidar delas, diagnosticando os problemas e ajudando na prevenção é de extrema importância”, comentou o médico ortopedista Luiz Mikimba, integrante da Expedição.
A expedição desse ano também apoiou pesquisadores que tiveram a oportunidade de fazer um trabalho a campo em condições que dificilmente seriam alcançadas. Na área médica, um oncologista estudou a incidência de câncer na população pelo caminho; uma engenheira fez levantamento da água consumida no Pantanal; um veterinário, especialista em ovinocultura, buscou a origem do ovino pantaneiro, raça que existe há mais de 400 anos na região e traz características genética únicas que os tornam mais resistentes. A viagem ainda apoiou o Projeto Arara Azul fazendo o registro de avistamento das aves pelo caminho.
Médicos do Pantanal
Médicos do Pantanal (MDP) é uma organização, independente, sem fins lucrativos e comprometida em ajudar as pessoas que mais precisam de apoio na região do Pantanal brasileiro. A base do seu trabalho consiste em oferecer saúde para pessoas que residem em situação carente de atendimentos sanitários. Epidemias, emergências, desnutrição e exclusão do acesso à saúde são os principais eixos de atuação do MDP. Tais situações exigem ajuda rápida, com atendimento médico eficiente e estrutura adequada.
A organização se faz presente em regiões de difícil acesso onde o sistema de saúde público não atuar, principalmente devido às distâncias e desafios que o terreno apresenta, oferecendo atendimento médico primário e em situações de extrema urgência para quem vive em total isolamento.
O projeto nasceu em 1995 da vontade do empresário Geraldo Albaneze e seu filho, Waldir Staut Albaneze, em ajudar o povo pantaneiro. O filho se formou em medicina e junto com seu pai, criaram o “Médicos do Pantanal”, uma organização médico-humanitária que associa socorro médico, odontológico, veterinário e social em favor das populações carentes da área. Também é missão da organização tornar públicas as dificuldades enfrentadas pelas populações assistidas levantando números e mapeando as situações de risco.
A associação hoje é formada por profissionais independentes de diferentes áreas, com o objetivo de atuar diariamente nas situações de comoção social, fome, epidemias e combate a doenças negligenciadas. Seus integrantes são preparados para realizar atendimentos itinerantes com habilidades específicas para lidar com a população local. As informações são do MDP.