Corredor Ferroviário Bioceânico já conta com cerca de 80% implantados

O governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, declarou que levará ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, a proposta do Corredor Ferroviário Bioceânico Central apresentado pelo governo boliviano em Corumbá nesta segunda-feira, 13 de fevereiro. Ele adiantou que defenderá ao Itamaraty o interesse do Estado na viabilização do corredor, bem como na recuperação da ferrovia entre Três Lagoas e Corumbá, que deverá compor o trajeto.

 

O projeto foi apresentado ao governador e ao prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha de Oliveira, pelo ministro de Obras Públicas, Serviços e Habitação da Bolívia, Milton Claros Hinojosa, juntamente com diversas outras autoridades brasileiras e bolivianas. De acordo com a proposta, o corredor ligará o porto de Santos-SP ao porto peruano de Ilo, passando por Corumbá e La Paz, compreendendo um trajeto de 3.755,5 quilômetros, dos quais cerca de 80% já estão implantados.

 

“Iniciamos os entendimentos para a elaboração dos memorandos necessários entre o Brasil, a Bolívia e os demais países envolvidos para viabilizarmos o corredor ferroviário, que é de todo o interesse do Mato Grosso do Sul, pois a maior parte já existe e não demanda novos licenciamentos ambientais”, enfatizou Reinado, acrescentando: “Com essa conversa hoje em Corumbá, entendemos que o Ferroviário Bioceânico Central é o futuro da integração da América Latina”.

 

“Agora vamos levar todo esse trabalho ao ministro José Serra e lutar para que o assunto entre na agenda de prioridades do governo brasileiro com relação à integração sul-americana, defendendo que, dentre todas as opções já discutidas até hoje, esta proposta é a que tem a maior viabilidade”, acrescentou o governador, enfatizando o papel estratégico do corredor para a integração comercial com o Paraguai e o Peru, e inclusive com Argentina e Chile, além da ligação com os mercados asiáticos, tanto para exportação quanto importação de mercadorias.

 

Interesse e disposição

 

Ruiter concorda que o projeto apresentado pelo governo boliviano é o mais viável dentre as propostas já estudadas, considerando o avançado estágio em que se encontra e o baixo impacto ambiental que causaria, afirmando que Corumbá tem todo interesse em que seja concretizado. “É claro que alguns trechos precisam ser revitalizados no lado brasileiro, mas no total, apenas 20% do trajeto de mais 3,7 mil quilômetros precisam ser construídos. Sem dúvida, é muito mais prático, rápido e barato do que começar do zero em outra região”, salientou.

 

O prefeito também elogiou o interesse e disposição do governador Reinaldo em trabalhar para inserir o assunto na pauta do governo brasileiro, buscando dar condições de infraestrutura à integração sul-americana por meio de um verdadeiro corredor bioceânico, que integre os países comercial e culturalmente. “Também é importante destacar a recomendação do representante do Itamaraty [ministro João Carlos Parkinson de Castro] para que o Mato Grosso do Sul trabalhe com a Bolívia e o Paraguai para viabilizar o projeto, sem esperar a chancela do governo brasileiro”, acrescentou.

 

Parceiro estratégico


“Um corredor de mais de 3,7 mil quilômetros de comprimento que permite o transporte de carga e a conexão de grande parte da América do Sul, como Brasil, Bolívia, Paraguai e Peru, possibilitando o comércio e a exportação de produtos para os grandes mercados mundiais”. Assim o ministro de Obras Públicas da Bolívia, Milton Claros Hinojosa, definiu o Corredor Ferroviário Bioceânico Central, ao defender a relevância da iniciativa para o desenvolvimento da região central da América do Sul.

 

“Este encontro [reunião com o govenador Reinaldo e prefeito Ruiter] é muito importante para nós porque o Brasil é um parceiro estratégico para a concretização do projeto. Já estamos trabalhando intensamente com Paraguai e Peru para levar a iniciativa adiante, e inclusive já firmamos memorandos de cooperação. Agora estamos buscando definir essa parceria com o Brasil, que tem um mercado importante na Ásia”, acrescentou o ministro, adiantando que países como Alemanha e Suíça já demonstraram interesse em financiar a iniciativa.

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