Finalista da premiação internacional, Mayors Challengers, promovida pela Bloomberg Fhilanthropies, a cidade de Corumbá recebeu nesta segunda-feira, 27 de junho, a visita da coach Letícia Ferreira, que se reuniu com os integrantes do Núcleo de Inovação do projeto corumbaense, que chegou à fase final junto com concorrentes de outras 19 cidades da América Latina e Caribe.
A ideia inovadora, que chamou tanto a atenção do júri internacional entre os 290 projetos inscritos na competição, visa minimizar o impacto ambiental da disposição de rejeitos de mineração de ferro por meio da sua aplicação em materiais de construção civil a serem empregados em obras públicas e outros.
Pesquisas científicas foram encomendadas às universidades federais de Minas Gerais, Ouro Preto, Mato Grosso do Sul e SENAI e os resultados surpreenderam, atestando a viabilidade técnica do material, a resistência e propriedades estruturais bem como a ausência de materiais tóxicos destes rejeitos. Além do componente técnico, os estudos mostraram a viabilidade financeira destes materiais, pois substituem matéria-prima não renovável como a areia.
“A premiação é uma processo que vem fortalecer a ideia a ter um senso de urgência em se tornar realidade. Nosso trabalho, hoje, foi pensar nas lacunas e nos desafios para implementar a ideia com um plano bem aplicável”, comentou a coach que também prestará a mesma assistência a outras quatro cidades brasileiras finalistas: Barueri, São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro.
A partir do contato com a coach, o Núcleo de Inovação aprofunda ainda mais o pensamento no projeto com vistas ao Ideas Camp da Bloomberg em Bogotá, na Colômbia, uma reunião de dois dias onde trabalhará com especialistas e cidades congêneres para melhorar ainda mais a proposta.
“Já que temos essa riqueza (grandes jazidas de minério de ferro), vamos buscar formas sustentáveis de explorar e minimizar os impactos ambientais e sociais. Muitos demonizam a atividade de exploração, mas ela é importante para nossa economia e há formas de se conviver com as questões ambientais”, disse o prefeito de Corumbá, Paulo Duarte, que foi conferir a reunião de trabalho do Núcleo de Inovação.
Versátil
O rejeito ou fino do minério, que é o produto que resta após o processo de beneficiamento das rochas férreas, possui uma grande versatilidade quando se fala em suas utilidades dentro da construção civil. Com ele, podem-se produzir lajotas para pavimentação de ruas, calçadas, praças, estacionamento; tijolos e blocos para construção de habitações populares, creches, escolas, postos de saúde; manilhas para fossas sépticas em assentamentos rurais, bem como equipamentos públicos, tais como: lixeiras, bancos de praça e pontos de ônibus além da produção de telhas, cerâmicas e argamassas para assentamentos de pisos e calçadas e reboco de paredes.
O ponto de partida para a parte prática em Corumbá deve ser dado, conforme discussão do Núcleo de Inovação, de forma alinhada com o recente Plano de Mobilidade Urbana que aponta as vias com necessidade de calçamento. Outra frente que o município pretender avançar é na redução do déficit habitacional produzindo telhas e tijolos para projetos residenciais.
Na proposta de Corumbá, esses materiais serão produzidos por reeducandos do sistema prisional, permitindo dar uma oportunidade de trabalho, renda e dignidade para apenados em processo de reinserção à sociedade. Aliando a tecnologia, o conhecimento científico e a participação popular para transformar lixo que poderia causar uma tragédia ambiental sem proporções em produtos de uso público, coletivo, social, permanente, a ideia traz benefícios duradouros, reduzindo de forma significativa o impacto ambiental da atividade de mineração.
Corumbá concorrerá ao primeiro prêmio de 5 milhões de dólares e quatro prêmios de 1 milhão de dólares a serem entregues no final de 2016. Para saber mais sobre o Mayors Challenge, acesse www.mayorschallenge.bloomberg.org e @BloombergCities no Twitter e Instagram.