O escoamento da produção sul-mato-grossense, principalmente da soja, pela rota bioceância que passa por Corumbá, corta toda a Bolívia e termina em Iquique, no Chile, foi um dos temas abordados pelo prefeito Paulo Duarte no encontro com o vice-presidente da Bolívia, Álvaro Garcia Linera.
A agenda internacional foi realizada no último sábado, 27 de setembro, no hotel El Pantanal, em Puerto Suárez. “Trouxemos aqui o Claudio Cavol, diretor-presidente da SETLOG-MS e ele mesmo, depois de um estudo, apontou que a melhor saída para o Pacifico é pela Bolívia e isso é interessante e importante para Corumbá”, comentou o prefeito.
“Nós conversamos com o vice-presidente e vamos marcar para depois das eleições presidenciais, que na Bolívia também ocorre em outubro, uma reunião técnica para que agente possa discutir essa questão”, continuou Duarte, reafirmando a necessidade dos municípios de fronteira assumirem protagonismo dessas discussões nos dois países.
“Geralmente esperamos que as decisões venham de Brasília ou La Paz. Queremos inverter isso e levar nossas demandas enquanto municípios de fronteira. Por isso esta foi uma reunião muito importante e o vice presidente boliviano deu uma verdadeira aula. Ele tem um conhecimento muito claro de suas posições e não quer a Bolívia sendo apenas exportadora de matéria prima”, detalhou.
“A Bolívia é um pais riquíssimo em recursos minerais e que durante década exportou isso e continuou sendo pobre. Álvaro Linera pediu para que os empresários, pecuaristas e agricultores de Puerto Suarez e de toda Santa Cruz invistam em seus negócios e confiem em seu País, algo que, guardadas as devidas proporções, também estamos fazendo aqui em Corumbá”, observou Duarte.
“É exatamente isso que queremos fazer, que essas demandas saiam das cidades para os governos centrais e não mais ficar esperando que a ação venham do Itamarati ou do governo central boliviano. O vice-presidente, assim como nós, tem essa visão de cidades de fronteiras se desenvolverem juntas. Corumbá tem que crescer e Puerto Suárez e Quijarro tem que crescer também. Por isso esta reunião foi muito produtiva”, concluiu o prefeito de Corumbá.
A vice-prefeita e diretora-presidente da Fundação de Cultura, Marcia Rolon, o secretário municipal de Indústria e Comércio, Pedro Paulo Marinho de Barros, e o coordenador municipal de Segurança Pública, Fernando Lucena, também participaram da agenda com o vice-presidente da Bolívia.
Logística
Segundo o diretor-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logistica de Mato Grosso do Sul (SETLOG MS), Cáudio Cavol, o transporte rodoviário de bens e produtos produzidos no Estado pela Bolívia apresenta um quadro extremamente favorável. “Tinhamos informações de que a rota mais curta seria pelo norte do Paraguai, passando pelo sul da Bolívia e saindo em Iquique”, comentou.
Entretanto, essa rota, apesar de mais curta, ainda depende de uma série de intervenções. “Através de um programa de computador, mapeamos, passo a passo, localidade a localidade, onde tem a proposta de asfaltar no norte do Paraguai, saindo por Porto Murtinho, e chegamos a conclusão de que não eram as informações que nós tínhamos”.
“Esse estudo nos mostrou que a melhor saída pode ser sim por Corumbá, mesmo sendo 150 ou 180 quilômetros mais longe, já que nos diziam que eram 400 km a mais. Só que a rodovia aqui está pronta e lá faltam 800 km de asfalto por fazer”, observou Cavol, ressaltando que o projeto também depende da construção de uma ponte em território paraguaio.
“Então esse é um projeto pra mais de 10 anos. Aqui, se a Bolívia cumprir o que está prometendo, que é a duplicação entre Santa Cruz e Cochabamba, temos um projeto para funcionar em no máximo dois ou três anos para que essa bioceânica passe realmente a funcionar, passando por Corumbá”, disse o empresário.
“Com ajuda do governo municipal de Corumbá, do governo do Estado e da União, e hoje vimos muito empenho do vice-presidente da Bolívia nesta questão, tenho certeza que a gente derruba as barreiras alfandegárias que atrapalham esse trabalho e que isso tudo venha realmente a acontecer. Aí seria uma glória para nós, porque isso está aí há 100, 150 anos e ninguém resolve”, concluiu o representante da SETLOG.