Basta o tempo perder a umidade do ar e a temperatura subir, o que é bastante comum em Corumbá em boa parte do ano, que um grande inconveniente surge no “lixão” municipal: as combustões espontâneas.
O grande volume do que é descartado diariamente por toda população da cidade gera, durante sua decomposição, a produção do gás metano, que tem como característica ser altamente inflamável.
A diretora-presidente da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal explica que, diferente de outros incêndios, o combate do fogo no lixão não é feito com o uso da água. “Nesse caso, recorre-se ao aterramento ou a compressão do material, porém o que acontece em nosso lixão é que essa queima se origina num ponto bem profundo e o que vem à tona é a fumaça que causa o desconforto na população”.
Para amenizar a situação, ela explica que a empresa contratada pela Prefeitura para o serviço de coleta de resíduos na cidade, disponibilizou dois caminhões-pipas para promover o resfriamento do solo, como forma de amenizar a queima.e, consequentemente a produção excessiva de fumaça.
“Infelizmente, como o fogo é subterrâneo, a gente não vai conseguir cessar as chamas, porém é uma tentativa de amenizar o quadro instalado”, disse ao comentar que o problema será resolvido assim que o aterro sanitário da cidade for instalado.
Aliás, nesta terça-feira, 02 de setembro, a Fundação de Meio Ambiente do Pantanal protocola junto ao Imasul o estudo geofísico, peça complementar solicitada pelo órgão ambiental para a implantação do aterro que será consorciado com o município de Ladário.
“A gente vem cumprindo todos os pedidos e o processo está sendo analisado. Estudos geofísicos foram pedidos de forma complementar, uma vez que o solo calcário é bastante permeável”, disse ao explicar que, por isso mesmo, em etapas anteriores dos estudos, foi detectada a necessidade da instalação de uma dupla camada de manta de polietileno, justamente pela característica do solo local.
No projeto do aterro sanitário, cujo terreno está localizado no município de Ladário, o tratamento do gás metano é parte importante. Nele, esse gás será canalizado e destinado a produção de energia, solucionado definitivamente o problema das combustões espontâneas.
“Como existe esse apelo pelo Pantanal, não vamos queimar, mas sim gerar energia com esse metano que será produzido. Estamos correndo atrás de tecnologias no estado para captar e usar esse próprio metano como energia para o aterro”, comentou Luciene ao destacar ainda que o uso do gás pode ser ampliado.
“Existe a demanda de energia do município com as empresas. Então, temos que buscar parcerias com elas para implantação do sistema de captação e oferecimento de energia que seja revertida para as próprias empresas investidoras”, disse.
De acordo com os estudos, o aterro sanitário terá vida útil de 50 anos, podendo ser ampliado, conforme o correto uso que depende da participação de toda população na forma do descarte de seus produtos. A coleta seletiva é um braço fundamental dentro dessa configuração.
“O resíduo orgânico vai para compostagem e o que sobra é uma pequena fração do lixo. É isso que vai para a área onde se formarão células de lixo através da compactação por máquinas de prensagem”, explicou.
Atualmente, Corumbá produz entre 60 a 70 toneladas de lixo por dia que, após a separação do material reciclável feita por duas associações de catadores, são depositadas em um grande terreno.