A fachada do novo Galileu já está chamando a atenção de quem passa pelo centro histórico de Corumbá e até mesmo de quem está navegando pelo Rio Paraguai, de onde se tem uma visão privilegiada da estrutura atual. A pintura foi entregue na noite dessa quinta-feira, 29, e é resultado de uma parceria entre a Prefeitura, a Tintas Coral e a loja de tintas Nossa Senhora Aparecida, que permitiu renovar as cores do centenário prédio construído em 1.907, bem como da Casa Massa Barro, no Bairro da Cervejaria.
É apenas o início daquilo que a Prefeitura de Corumbá reserva para a população. Em breve, um dos mais antigos e tradicionais patrimônios históricos de Corumbá será reaberto definitivamente, totalmente restaurado. Será a futura sede da Fundação do Desenvolvimento Urbano e Patrimônio Histórico e das suas gerências de Patrimônio Histórico, Controle e Planejamento, Habitação, Projto e Pesquisa, Administrativa e Financeira, e Assessoria Jurídica da pasta.
O prédio de 107 anos foi o famoso Hotel Galileu até o início da década de 80. Fechado, abrigou um bar que ficou famoso na época, onde se encontravam os adeptos da sinuca. Funcionava no pavimento térreo. O piso superior havia sido fechado na época em que o hotel foi desativado.
No entanto, com o passar dos anos, o piso superior passou a ser habitado. Sem qualquer segurança, teve uma parte destruída devido a um desabamento, inclusive com morte de duas pessoas, até ser fechado definitivamente no início do século 21, quando o Poder Público lacrou as portas com tijolos.
O prédio foi desapropriado pela Prefeitura em 2006. A sua restauração foi iniciada em 2009, mas paralisou em 2010. Em 2013, as obras foram retomadas pelo prefeito Paulo Duarte e fazem parte de uma parceria entre a Prefeitura e o Governo Federal, por meio do Ministério do Turismo.
Importância
Maria Clara Scardini, diretora-presidente da Fuphan, fundação responsável pela gestão do contrato e da obra do Hotel Galileu, demonstra euforia ao falar da obra de restauração do prédio, que está em sua fase final. “Trabalhamos muito para retomar essa obra. Sabemos da importância que tem para a população. E tão ou mais importante que revitalizar um patrimônio histórico é dar uso. E faremos isso, inclusive em serviços de atendimento ao público como é o caso da habitação, aprovação de projetos, habite-se, entre outros serviço de nossas gerências”, ressalta.
As intervenções foram na recuperação do piso, forro, portas, paredes, instalações hidráulicas e elétricas, além de instalação de banheiros. Segundo o arquiteto José Marcos da Fonseca, da empresa Marco Arquitetura, Engenharia, Construção de Comércio Ltda., responsável pela restauração, o trabalho está na fase final e é minucioso.
“Seguimos os preceitos tecnicamente corretos para executar a restauração. O primeiro passo foi a utilização de técnicas exploratórias para descobrir as técnicas construtivas da época, bem como as alterações ocorridas ao longo dos anos de ocupação. Enfim, um levantamento minucioso para somente após isso, fazer a restauração”, explicou.
E esse trabalho revelou belezas da época em que o prédio foi construído, como pinturas decorativas com motivos florais, geométricos, entre outros, que estavam escondidas por outras pinturas. Houve um cuidado também com o piso, inclusive com fabricação de peças semelhantes para substituir peças danificadas por peças semelhantes.
O Galileu foi construído em 1.907 pelo arquiteto italiano Fernando Mármore, em estilo eclético, com influências do neoclássico. Tem uma área construída de aproximadamente 686 metros quadrados, incluindo o anexo situado na Rua Frei Mariano.
Além da riqueza arquitetônica, o prédio do antigo Hotel Galileu também traz consigo muitas histórias, como o fato de já ter hospedado presidentes, como Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt (EUA). Foi também ali, no final dos anos 40, do século 20, que o sanfoneiro Mário Zan compôs o sucesso nacional “Chalana”. Ele estava em uma das janelas na sacada do Galileu, de frente para o Rio Paraguai, local já restaurado, pintado, iluminado e que, com certeza, será um dos locais mais visitados pela população e turista. Afinal, quem não quer guardar uma imagem de lembrança do local onde Zan compôs a sua obra prima?