A Junta Interventora que administra a Santa Casa de Corumbá realizou nessa terça-feira, 27 de maio, a prestação de contas do exercício 2013 do único hospital público da região, responsável pelo atendimento da população de Corumbá, Ladário e dos bolivianos residentes na faixa de fronteira. A audiência pública foi aberta pelo presidente da Junta e subsecretário de Saúde do município, Cristiano Xavier.
“Em julho do ano passado recebi o convite do prefeito Paulo Duarte para participar dessa Junta e decidi vestir a camisa da Santa Casa”, recordou o médico, convocando toda a população a também assumir o papel de protagonista na recuperação da instituição. “Não temos nada a esconder. Estamos de portas abertas para mostrar nosso trabalho e recuperar a credibilidade do hospital”.
A intenção da atual administração é realizar uma audiência pública de prestação de contas pelo menos uma vez por semestre. A secretária municipal de Saúde, Dinaci Ranzi, representou a Prefeitura no evento e destacou o trabalho sério realizado na Santa Casa. “Começamos a construir uma nova história para a Santa Casa, com um modelo de gestão profissional, comprometido com a população”, afirmou.
“Temos uma gestão participativa, transparente, onde os trabalhadores e trabalhadoras, desde os médicos até os administrativos, participam das decisões mais importantes”, completou a secretária. O vereador Luciano Costa representou a Câmara de Vereadores na audiência, que contou ainda com a presença da secretária executiva do Conselho Municipal de Saúde, Nely Ramona da Costa Santos, e do consultor parlamentar Eduardo Anderson Pereira, integrante da Junta Interventora.
Balanço
O balanço do exercício 2013 foi apresentado pelo diretor administrativo e financeiro da Santa Casa de Corumbá, Renato Cintra. Segundo o relatório, a instituição médica atualmente conta com 487 funcionários, sendo 65 médicos. O hospital possui a contratualização com o SUS (Sistema Único de Saúde) e 15 tipos de convênios particulares.
Em 2013, a Santa Casa de Corumbá realizou uma média de 15 cirurgias por dia, sendo 59% de urgência e 41% eletivas. “Na UTI, aumentou o número de internações e também o número de altas”, afirmou Renato. A taxa de infecção está dentro dos padrões considerados satisfatórios pelo Ministério da Saúde. E só entre outubro e novembro de 2013, 169 profissionais foram capacitados pela atual administração.
O número de leitos subiu de 147 em 2012 para 153. Isso fez subir também o número de internações, que saiu de 6.766 para 8350 hospitalares; 1423 para 2125 internações cirúrgicas; e de 2573 para 3095 internações clínicas. “Tivemos um aumento de 35% das internações pelos conveniados e de 23,4% pelo SUS”, detalhou o administrador. O aumento dos convênios fez crescer também a receita ofertada por essa modalidade em 71%.
Em relação a 2012, as receitas também aumentaram, principalmente pelo reajuste oferecido aos funcionários da instituição médica: 12% para os enfermeiros e de 10% para os administrativos. Sem considerar uma ação judicial – que onerou a Santa Casa em quase 400 mil, o resultado bruto de despesas foi apenas 0,2% maior que no período anterior.
Conforme explicou o diretor administrativo e financeiro da entidade, quase todas as ações judiciais são anteriores a 2010, quando a intervenção começou. Até 2012 eram 37 ações correndo na Justiça, com 18 processos sendo quitados em 2013 pela Junta. A dívida trabalhista estimada pelas ações é de aproximadamente R$ 17 milhões. Já o passivo circulante da instituição hoje é de R$ 1,3 milhões.
De acordo com o relatório da Coordenação de Vigilância Sanitária do Estado (CVISA), a Santa Casa tinha, até novembro do ano passado, um setor sujeito a interdição, seis em situação insatisfatória, cinco com condições satisfatórias com obrigações e duas satisfatórias. Ainda longe da ideal, a situação já é bem melhor que em dezembro de 2012, quando era um setor sujeito a interdição e 13 em situação insatisfatória.
Conquistas e próximas ações
Em 2013, a Santa Casa de Corumbá conseguiu recuperar seu Alvará Sanitário, implementar uma escala médica presencial 24 horas por dia e a reativação do voluntariado. A Junta ainda elaborou e protocolou o projeto de reforma e reestruturação da farmácia, da reforma da antiga enfermaria de ortopedia para a implantação da Unidade de Assistência a Saúde Mental e iniciou o projeto de informatização e gestão hospitalar.
Toda a rede elétrica foi readequada, bem como a manutenção preventiva e periódica nos equipamentos essenciais (esterilização, centro cirúrgico e UTI), começou a ser feita. Ouve ainda a redução das faltas de medicamentos básicos e padronizados e a renegociação de toda a tabela de cobrança dos convênios. Foi promovida também a horizontalização da assistência da equipe de enfermagem, da clínica médica e UTI, a manutenção da linha de cuidado da Rede de Urgência e Emergência (RUE) e a criação de 10 novos leitos para o SUS.
Para este ano, a Junta Interventora está buscando o certificado de filantropia, a adequação do arquivo médico, a manutenção do alvará sanitário, a efetivação da incorporação da oncologia, definição do projeto terapêutico de saúde mental, inclusão do hospital no PROSUS (Programa de parcelamento de Dívida), climatização da unidade hospitalar, ampliação de mais 20 leitos de enfermaria, instalação de um equipamento de tomografia computadorizada e aquisição de um novo aparelho de ultrassonografia.