Bicampeão da Superliga visita Corumbá e vê crescimento do esporte local

Campeão da Superliga Masculina de Vôlei com o SADA Cruzeiro, o oposto de rede Paulo Victor Costa da Silva aproveitou a semana de férias para visitar Corumbá, sua cidade natal. Nessa terça-feira, 15 de abril, o atleta de 28 anos esteve no Paço Municipal onde conversou com o prefeito Paulo Duarte e o presenteou com uma camisa da equipe mineira.

 

Acompanhado do diretor-presidente da Fundação de Esportes de Corumbá (Funec), Elvécio Zequetto, o chefe do Executivo municipal conheceu mais da história de vida de PV, como ele é conhecido no voleibol, da sua infância no bairro Beira Rio e apresentou os muitos investimentos feitos pela Prefeitura na área do desporto e para o surgimento de novos talentos na região.

 

A reforma de todo o Ginásio Poliesportivo, a construção do Complexo Esportivo e Cultural do Jardim dos Estados, o programa Bolsa Atleta Corumbá e a realização do Pantanal Extremo – Jogos de Aventura foram os principais pontos da conversa. Primo de Paulo Victor, Robson Júnior – campeão da primeira etapa do Campeonato Estadual de Vôlei de Praia Sub 19 ao lado do parceiro Denilson Claro – também participou do encontro.

 

“Fiquei até meio surpreso porque ele estava na quadra e agora joga na areia. Vinha conversando com ele há algum tempo e falo pra ele não desistir”, comentou PV, revelando que já tentou levar o jovem talento para as categorias de base do time mineiro.

 

“Agora ele está treinando na areia com a Mazé e eu achei isso bem bacana. Conversei com o Fathe, que era meu treinador aqui em Corumbá, e pediu para dar um apoio também. Agora conversando com o prefeito e vendo que ele tem bastante apoio da Fundação de Esportes fico bem feliz, até pelos projetos bem legais que estão sendo feitos na cidade. Na minha época era bem diferente”, completou.

 

O oposto contou também da tentativa frustrada de levar os pais para morarem com ele em Minas Gerais. “Eles continuam morando em Corumbá e não saem daqui por nada. Já chamei para morarem comigo lá, mas não tem acordo. Minha mãe é como se fosse a mãe também dos meus tios, então ela não larga eles por nada”.

 

E este retorno a Corumbá teve um motivo ainda mais especial para o atleta do Cruzeiro. “Eu fico uns dois anos sem vir pra cá, fico uma semaninha só e vou embora de novo. Minha filha agora fez um mês de nascida e eu a trouxe para apresentar à minha família porque ninguém a conhecia ainda”.

 

O atleta também se surpreendeu com o desenvolvimento da cidade. “Cresci no Beira Rio, mas meus pais hoje moram na Nova Corumbá, no bairro Guatós. Tinha dois anos que não vinha para cá e senti muita diferença, até na questão do asfalto, que está melhorando. E a cidade cresceu muito lá pra parte de cima, onde hoje conheço bem pouco”, afirmou.  

 

Trajetória

 

Paulo Victor da Silva despontou para a o voleibol aos 15 anos, incentivado por dois dos grandes incentivadores do esporte na cidade. “Comecei com o professor Wilson e o professor Fathe. Eu trabalhava na época, então era um pouco difícil treinar e viajar. Fazíamos pedágio na rua para pagar a alimentação e viagem. Então minha história até chegar a eles foi um pouco puxada”, recordou.

 

“Eles notaram um certo potencial em mim e começaram a me treinar, a me preparar. Na época eu nem gostava muito de voleibol, mas topei. Fui, treinei durante um mês – na época eu tinha de 15 para 16 anos, trabalhava ajudando meu pai e estudava. Não gostava de vôlei, mas eles me incentivaram, eu viajei, tem até um tio meu que também me apoiou muito, então eu fui”, continuou o atleta do SADA Cruzeiro.

 

“No primeiro mês cheguei em Campo Grande, joguei o Estadual e fui bem. Na segunda viagem fui bem novamente e fui convocado para a Seleção do Estado. Fiquei um mês treinando duro, pegando ritmo, aprendendo os rodízios, ai os caras disseram que iam me preparar para ser oposto. Me deram tênis, fiquei hospedado em hotel, tinha alimentação e fiquei treinando para disputar o Brasileiro de 2005, no Rio de Janeiro”.

 

A equipe sul-mato-grossense não teve um bom desempenho no campeonato nacional, mas ainda assim Paulo se destacou. “Participamos na divisão especial, ficamos em último, não ganhamos de ninguém, mas foi ai que abriu as portas pra mim, que começou tudo. Tinha um olheiro lá de São José dos Campos, e ele perguntou se poderia me ligar, entrar em contato com a minha família e concordei. Passei o telefone da minha mãe pra ele, retornei para Corumbá e uma semana depois ele me ligou falando que tinha uma proposta para eu ir para São José treinar, que ele tinha um time juvenil para disputar o Paulista”, relembrou.

 

“Em dois dias ele ligou para minha mãe na hora do almoço, falou com ela, explicou a situação e a convenceu. Ele mandou o dinheiro para comprar passagens de ida e volta para tranquilizá-la e saber que eles não estavam de sacanagem comigo. Cheguei lá, ele estava me esperando, fui levado para um apartamento onde ficava o resto dos meninos e fiquei treinando uma semana”.

 

Num primeiro momento, PV sentiu um pouco de dificuldade em se adaptar a nova rotina. “Na época foi bem difícil, porque eu era diferente, tímido, não conversava muito. E todos os outros já tinham participado de campeonatos, viajado e eram mais experientes que eu. Pra mim era a primeira vez fora de Mato Grosso do Sul”.

 

Na segunda semana, mais adaptado, ele começou o treinamento intensivo e novamente se destacou. “Esse olheiro disse que tinha um certo potencial, que eu precisava treinar para ir da base para o time de cima. E eu já estava no último ano de juvenil para ser adulto. Fiz um campeonato excelente, ganhei massa muscular, tive um trabalho físico e técnico durante um ano inteiro que fizeram toda a diferença”.

 

O primeiro passo como atleta profissional também não foi dos melhores. PV retornou para o interior paulista depois de ficar apenas uma semana em um time em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.

 

“Ai esse olheiro disse que assim seria difícil porque eu já tinha 21 anos e não poderia me segurar lá em São José. Foi quando ele chamou um empresário e ele me arrumou para ir pra Argentina. Fiquei lá quase uns 4 meses, não classificamos nos playoff, voltei e um mês depois fui para a Áustria, onde passei 3 anos. Fui tricampeão nacional e de lá voltei para o Rio de Janeiro por duas temporadas. Na primeira ficamos em quarto e ano passado fui campeão da Superliga”, concluiu o corumbaense.

 

Paulo Victor deixa Corumbá nesta sexta-feira. Na próxima semana ele se reapresenta ao Sada Cruzeiro e inicia a preparação para o Campeonato Mundial, marcado para o início de maio em Belo Horizonte. 

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