Na semana passada, quando a Prefeitura ‘fechou as portas’ das unidades de saúde e todas as equipes foram para as ruas de Corumbá, para um grande arrastão de combate à dengue, a situação encontrada preocupou a Secretaria de Saúde. O diagnóstico não foi nada bom, pelo contrário: alarmante. Muitos imóveis visitados, em todos os bairros da cidade, mostraram excessivo número de focos, não só da dengue, mas também de outras doenças, como a leishmaniose.
Na região sul de Corumbá, no Guanã I, um caso específico chamou a atenção das equipes de saúde pública. Em uma casa localizada na Alameda Itamar, 24, era um potencial foco de doenças. Larvas do Aedes aegypti, transmissor da dengue, e também do mosquito flebotomo, mais conhecido como palha, que transmite a leishmaniose, foram encontradas aos montes.
A situação preocupou inclusive a secretária de Saúde Dinaci Ranzi que acompanhava a equipe da Unidade Básica de Saúde da Família Kadwéus. Tinha de tudo que o Aedes e o mosquito Palha gostam: grande quantidade de recipientes que acumulam água e muita sujeira. E não era apenas no solo. Até em cima do telhado havia ‘criadouros’.
O arrastão foi realizado pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, justamente para conscientizar a população sobre os riscos da dengue e de outras doenças endêmicas. Levantamentos apontam que mais de 75% dos focos estão dentro dos imóveis habitados e isto levou todos os servidores das unidades de saúde e também do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) a fazer este trabalho de conscientização.
E o resultado já está sendo colhido. Uma semana após o arrastão passar pelo imóvel 24 da Alameda Itamar, no Guanã I, os agentes retornaram. Na tarde de segunda-feira, a equipe teve a grata surpresa. Dona Gertrudes Pires, uma senhora de 73 anos, mostrou que, com atitude, se combate doenças como a dengue, a leishmaniose, entre outras.
“Quem fez eu fazer isso? Foram eles”, respondeu ao ser questionada sobre os motivos que a levaram a mudar totalmente o visual de sua casa. Imagens de alguns dias atrás da residência de dona Gertrudes, mostravam uma triste realidade. Mas, hoje, ela faz questão de mostrar o resultado da conversa que teve com os agentes e com a secretária Dinaci Ranzi na terça-feira,25 de março, da semana passada.
E não é brincadeira de 1º de abril. A questão é séria. Dona Gertrudes aceitou o desafio da secretária Dinaci, e uma semana depois recebeu os agentes para mostrar o resultado do ‘mutirão’ que ela comandou. Livrou sua casa, o quintal e até o telhado dos focos de doenças. “Não encontramos nenhum foco dessa vez, ao contrário da semana passada, quando tinha muitos, bastante mesmo. Ela é um exemplo que todos devem seguir”, disse Jackson Uchoa, da equipe de educação em saúde da Coordenadoria de Vigilância em Saúde.
Dona Gertrudes estava eufórica. Mostrou todos os cantos de sua casa para comprovar que havia feito o dever de casa. Até os dois reservatórios de água em nível de solo, estavam limpos. Ali, os agentes encontraram larvas. “Agora ele fica assim, tampado. Só que não tem água. Desde sábado estamos sem água aqui”, reclamou.
Mas, nem a falta d’água tirou o bom humor de dona Gertrudes. “Está tudo limpinho e meus netos não correm riscos de ‘pegar’ a dengue”, comemorou. No entanto, fez um pedido: “Os vizinhos também devem fazer o mesmo e limpar suas casas, acabar com os focos da doença. Devem também evitar jogar lixo nos terrenos. Tá tudo limpinho, para que sujar?”, cobrou.