Corumbá iniciou na última segunda-feira, 10, a campanha de vacinação contra a HPV (Papiloma Vírus Humano) para meninas na faixa etária de 11 a 13 anos. Além das nove unidades de saúde disponibilizadas, a Prefeitura está também levando as doses para as escolas do Município e, nessa quarta-feira, 12, a imunização aconteceu no CAIC Padre Ernesto Sassida.
O trabalho está sendo desenvolvido pelas equipes da Secretaria de Saúde e, no CAIC, cerca de 100 alunas nessa faixa etária foram cadastradas, inclusive crianças de origem boliviana, que residem do outro lado da fronteira com o Brasil.
A vacinação foi iniciada nas primeiras horas da manhã com as alunas da 7ª série do CAIC. Uma equipe com sete pessoas da Saúde foi responsável pelo trabalho. O coordenador de imunização, Wangley Campos, informou que algumas crianças faltaram à aula nessa terça-feira, devido à chuva. “Estas deverão ser levadas às unidades de saúde mais próxima de suas casas para receber a vacina. É que o cronograma é extenso e, daqui, iremos atender outras escolas da cidade”, explicou.
Wangley lembrou que o CAIC, por ser a escola mais próxima da fronteira, atende muitas crianças bolivianas. “Não podemos deixar de vacinar as meninas de origem boliviana. Isto já estava previsto e fará parte do nosso relatório que encaminharemos para o Ministério da Saúde”, argumentou.
E uma das alunas de origem boliviana que recebeu a vacina foi Priscilla Rivero Camacho, de 11 anos. Estudante da 7ª série, ela estava acompanhada da mãe, Suzi Camacho, que considerou como “muito importante esta campanha para prevenir um a doença grave como é o câncer do colo de útero”, explicou. E não foi somente Priscilla que recebeu a dose da vacina. Danielle Rangel, 11 anos, outra pequena boliviana, também foi para a fila para se imunizar. Disse que estava autorizada pelos pais.
E esta autorização dos pais é importante. O coordenador de imunização da Secretaria de Saúde explicou que os pais estão recebendo um comunicado, solicitando autorização dos responsáveis. Junto, segue também uma carta reclusa. “Caso os pais não autorizem, devem assinar esta carta que será um documento do Ministério para comprovar que os pais não autorizaram a vacina, caso a criança desenvolva a doença”, explicou.
E no CAIC, a maioria das crianças apresentou a autorização aos responsáveis pelo cadastro. Maria Eloiza, de 12 anos, no entanto, chegou à sala de vacinação, sem o documento. “É que eu não sabia que a vacina seria hoje, mas meus pais já autorizaram”, informou.
Maria foi a segunda a receber a vacina. A primeira da fila foi Paola Germana, 12 anos, também da 7ª série. Mesmo nervosa, ela afirmou que a vacina é uma necessidade. “Vai prevenir que, no futuro, eu tenha câncer do colo de útero. É muito importante”, disse, deixando a sala em seguida, sorrindo. “Não doeu nada”, completou, incentivando as amigas que estavam na fila.
A meta
A campanha tem com o objetivo imunizar 3.207 crianças. No entanto, se chegar a 80%, já terá atingido a meta do Ministério da Saúde. No entanto, Wangley Campos acredita que todas serão vacinadas, podendo até ultrapassar, em razão das meninas bolivianas. Um ponto positivo está sendo justamente a vacinação nas escolas. “Grande parte dos estabelecimentos de ensino estão aderindo. Está aqui, com a gente, dando um reforço na campanha, a enfermeira Maria de Fátima, da Unidade de Saúde Ênio Cunha que, dia 24, vai vacinar as crianças do Tilma Fernandes e também do Moinho Cultural. Infelizmente, até agora, não fomos procurados por nenhuma escola particular”, revelou, convidando a direção dos estabelecimento existentes na cidade, para agendar a imunização na Secretaria de Saúde.
O coordenador explicou ainda que, após o CAIC, a Prefeitura vai levar a vacina para a Escola Municipal Izabel Corrêa, na Popular Nova. Será amanhã, quinta-feira, a partir das 08 horas. As meninas indígenas também receberão a vacina e, a princípio, a imunização está programada para a próxima semana, na Aldeia Uberaba, ao norte de Corumbá, já na divisa com o Mato Grosso.
Além das escolas, a vacina pode ser encontrada nas unidades de saúde do Dom Bosco, localizada na Alameda das Laranjeiras, 170, Bairro Dom Bosco; Vitória Régia, na Alameda Antônia s/n, Cristo Redentor; Kadwéus, na Rua Cyríaco de Toledo s/n, Kadwéus; São Bartolomeu, na Rua Pernambuco s/n, João de Deus; Centro Saúde da Ladeira, na Ladeira Cunha e Cruz s/n, Centro; Fernando Moutinho, na Rua Rio Grande do Sul, s/n, no Cristo Redentor; Breno de Medeiros, na Rua Cyríaco de Toledo s/n, Bairro Popular Nova; no Ênio Cunha, na Alameda Tamengo, s/n, Cervejaria, e Popular Velha, na Rua Teodomiro Serra s/n – Bairro Popular Velha.
A vacina
A vacina é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para adolescentes do sexo feminino de 11 e 13 anos. Para as indígenas, a vacinação é na faixa de 09 a 13 anos, época mais favorável para a aplicação da dose, uma vez que as mesmas ainda não iniciaram a vida sexual, não foram expostas ao vírus.
O HPV é a principal causa do câncer de útero e a imunização só estará completa depois de três doses. A segunda deverá ser tomada seis meses após a primeira e a terceira após cinco anos.
Trata-se de um condiloma acuminado, conhecido também como verruga genital, crista de galo, figueira ou cavalo de crista. É uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pelo Papilomavírus humano (HPV). Atualmente, existem mais de 100 tipos de HPV – alguns deles podendo causar câncer, principalmente no colo do útero e do ânus.
Entretanto, a infecção pelo HPV é muito comum e nem sempre resulta em câncer. O exame de prevenção do câncer ginecológico, o Papanicolau, pode detectar alterações precoces no colo do útero e deve ser feito rotineiramente por todas as mulheres.