A prefeitura está combatendo de frente um problema crônico e nacional, mas que assola de perto a cidade de Corumbá: a falta de médicos na rede pública de saúde.
A demografia médica é calculada pela quantidade de médicos por mil habitantes. Só para se ter uma ideia, no Brasil a relação é de 1,79 por mil pessoas (considerada muito baixa), inferior à média de países como Argentina (3,5), por exemplo. O município de Corumbá está ainda abaixo disso, com uma proporção de 1,15 (inferior inclusive à média estadual, de 1,3). “Em sua rede pública de saúde, Corumbá possui hoje 91 médicos, sendo 69 concursados e 22 contratados pela prefeitura, para atender 105 mil habitantes. E isso sem considerar os cerca de 20 mil irmãos bolivianos que utilizam a rede e que gostaríamos de continuar atendendo”, disse o prefeito Paulo Duarte, em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira, 9.
“Estamos contratando mais médicos, porém precisamos de muitos para atender tamanha demanda. Por isso, estou anunciando a adesão de Corumbá ao programa federal ‘Mais Médicos’, que ampliará a presença desses profissionais em regiões carentes desses profissionais, como a nossa cidade”, anunciou. “Estamos fazendo também um levantamento da nossa necessidade de médicos e esse relatório será entregue ao Governo até o final de julho”, acrescentou.
O programa, anunciado ontem em Brasília-DF pela Presidenta Dilma Roussef, em evento que contou com a presença do prefeito Paulo Duarte e da secretária de Saúde, Dinaci Ranzi, prevê a contratação e manutenção de médicos (pagos integralmente pelo Ministério da Saúde) nas regiões que mais necessitam desses profissionais, como Corumbá. “Nesta primeira fase serão selecionados os municípios que desejam receber novos médicos e a secretária Dinaci Ranzi inclusive já está em Brasília formalizando a adesão de Corumbá a esse importante programa para nós”, revelou.
Se, por acaso, não for suprida a demanda pelos médicos brasileiros nesses locais mais carentes, o programa federal prevê, em um segundo edital, a contratação de profissionais estrangeiros (da Espanha, Portugal e Argentina). Como pré-requisitos, eles terão de ser bem formados, experientes e falar e entender a língua portuguesa e assinarão um contrato inicial de três anos com o Governo Federal para trabalhar única e exclusivamente na Atenção Básica.
“Já adianto que nenhum médico da nossa rede municipal de saúde receberá um salário inferior a um profissional contratado pelo Governo Federal para atuar na Atenção Básica. O que for necessário fazer no sentido de readequação salarial, nós faremos”, adiantou o prefeito em respeito aos médicos que estão atuando na rede.
Estrutura física
Para receber os novos médicos do programa federal, no entanto, os municípios primeiramente terão de assumir o compromisso de acelerar os investimentos na construção, reforma e ampliação das UBS. E Corumbá, segundo o prefeito, também sai na frente nesse quesito.
“Já estamos reformando o Pronto Socorro e 7 unidades de especialização, como centros de saúde da mulher, laboratório municipal, Centro de Controle de Zoonoses, graças às emendas de R$ 7,4 milhões dos deputados (federais) Antônio Carlos Biffi (PT/MS), Vander Loubet (PT/MS) e Reinaldo Azambuja (PSDB/MS)”, disse o prefeito. “Com o lançamento do programa ‘Mais Médicos’, faremos a reforma e a requalificação de todas as unidades básicas de saúde (UBS)”, acrescentou. O município atualmente possui 18 UBS, além das unidades de especialização.
O prefeito aproveitou a ocasião para anunciar, em primeira-mão, a construção de mais 2 UBS. O recurso, de R$ 816 mil, é proveniente de emenda parlamentar do deputado federal Antônio Carlos Biff (PT/MS). A construção está prevista ainda para este ano.