Colóquio sobre anemia falciforme acontece na quinta em Corumbá

A Prefeitura de Corumbá realiza na quinta-feira (11), o I Colóquio sobre a Doença Falciforme, evento que vai permitir um amplo debate sobre este mal de origem africana, trazido para as Américas pela imigração forçada de escravos. O encontro está sendo organizado pela Secretaria Especial de Integração das Políticas Sociais, por meio da Gerência de Promoção da Igualdade Racial. A abertura acontece às 08 horas, no auditório do Paço Municipal, segundo piso.

O encontro prevê reuniões técnicas envolvendo representantes do próprio Município, Conselho Municipal de Saúde, Hemorede, profissionais da área de saúde, além de usuários do SUS (doentes falcêmicos, familiares e sociedade civil). As atividades acontecem tanto no auditório da Prefeitura, como também na Casa da Cidadania, sede da Gerência de Promoção da Igualdade Racial.

Para o professor Davi Vital do Rosário, gerente da pasta, o I Colóqui vai proporcionar aos profissionais da área da saúde, um intercâmbio e relatos de experiências relacionados com a doença falciforme, bem como construção de um protocolo de atendimento dentro da rede do SUS de Corumbá, além de propor um termo de ajuste de colaboração entre as Secretarias de Saúde do Município, do Estado, do Hemosul e de hospitais que atendem os pacientes falcêmicos.

"Vamos ainda informar aos portadores falcêmicos e seus familiares, qual é a porta de entrada do SUS para o atendimento especializado e encaminhamentos", explicou Davi, destacando que o evento permitirá à Prefeitura efetuar um cadastro dos portadores da doença, bem como de suas respectivas famílias, para uma futura criação da Associação de Portadores Falcêmicos de Corumbá e Região, bem como a criação de comissões para elaborar um programa municipal da doença falciforme e outras hemoglobinopatias, e o plano municipal de atenção à saúde da população negra de Corumbá.

Levantamento apresentado pela Gerência de Promoção da Igualdade Racial dá conta de que a cidade, agora em 2011, conta com 16 casos da doença, que estão sendo acompanhados pelas equipes das Unidades Básicas de Saúde Breno de Medeiros (um); Ênio Cunha (dois); Fernando Moutinho (um); Kadwéus (dois); Nova Corumbá (quatro); Pedro Paulo (dois); São Bartolomeu (um), e Vitória Régia (um), além da Maternidade de Corumbá (um caso). Os dados são referentes aos nascidos – vivos, conforme o Instituto de Pesquisas, Ensino e Diagnósticos da APAE de Mato Grosso do Sul (IPED-APAE/MS).

A doença

Falciforme é a denominação usada para caracterizar uma doença causada pela presença de hemoglobina S (HbS) nas hemácias do ser humano. A HbS é formada pela substituição da adenina por timina codificando valina ao invés de ácido glutâmico na posição 136 da cadeia beta da hemoglobina. A hemoglobina anormal formada, HbS, substitui a hemoglobina A1 (HbA1) normal presente nas hemácias. O exame que detecta a anemia falciforme é a Eletroforese de Hemoglobina, que faz parte do teste de triagem neonatal (teste do pezinho) feito nos recém-nascidos brasileiros.

Trata-se de uma doença genética de maior incidência no Brasil. Dados da triagem neonatal mostram que no País nascem cerca de 3.500 crianças por ano com falciforme, sendo um bebê a cada 1.000 nascimentos. Salvador tem a maior incidência do país, sendo um bebê a cada 650 nascidos vivos, o que representa em média 65 crianças por ano. É uma doença grave, ainda sem cura, que pode trazer implicações sérias e até mesmo levar a morte caso não tenha assistência adequada. O diagnóstico precoce, acompanhamento regular com equipe de saúde, além de suporte social podem reduzir muito e até evitar os agravos e complicações da doença.

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