A Escola Municipal Rural Pólo Porto Esperança – Extensão Fazenda Santa Mônica é a 12ª unidade a integrar as Escolas das Águas, instaladas no Pantanal de Corumbá. O novo prédio escolar será a oportunidade para 40 estudantes da região do Paiaguá aprenderem a ler e escrever e ter uma transformação de vida por meio da educação. O ano letivo começou nesta segunda-feira (8), mas para a maioria desses jovens estudantes a data é especial, pois marca o dia em quem entraram em uma sala de aula pela primeira vez.
Aprender a ler é o sonho de Raí Carlos Ramos, de nove anos. Morador de uma fazenda na região do Paiaguás, o garoto espera aproveitar bem os momentos na escola. "Quero poder ler e escrever para depois ensinar meus pais", disse o pantaneirinho que nunca tinha frequentado uma escola antes. Já Gabriely Nunes Ribeiro da Silva, de sete anos, pretende usar a leitura na sua próxima profissão. "Quero ser atriz de televisão e ser linda como as mulheres das novelas", contou. Apesar de ainda não ter estrelado nenhum folhetim, a jovem já mostra que é protagonista da própria história e que deseja dar uma reviravolta na vida ao escolher a escola.
O acesso à educação, proporcionada pela iniciativa de um empresário paulista, após adquirir uma fazenda no Pantanal na região do Paiaguás, próximo ao rio Piquiri, divisa de Mato Grosso do Sul com Mato Grosso, possibilita que os jovens daquela localidade possam transformar suas vidas. "Essa escola é um divisor de águas para estas crianças, que agora poderão estudar. Fiz esse local de coração, pois sei que sem educação, ninguém chega a lugar algum", comentou Reginaldo Farias Santos, que atua no ramo da construção civil. A Prefeitura de Corumbá foi parceira na realização deste sonho do empresário.
A nova extensão visa levar o ensino da Rede Municipal de Ensino de Corumbá (Reme) para crianças e adolescentes da localidade pantaneira. Serão 40 estudantes divididos em uma das três salas da unidade (duas delas com equipamentos multimídias e a outra com laboratório de informática, com dez computadores). O ensino será multisseriado e em período integral. Como o ano letivo começou em agosto, as aulas serão encerradas em abril de 2012, sendo que os alunos passarão 40 dias sem voltar para casa, dormindo em um dos dois alojamentos construídos na escola.
"O coração de mãe fica apertado ao ver que os filhos não estarão em casa, mas sei que é por uma coisa boa, é para o estudo dele", disse a cozinheira Josefina da Cruz, dona de casa, que matriculou os dois filhos na nova extensão. Se não fosse a escola recém inaugurada, a dona de casa Ramona Ramos Lemos da Silva, teria que se mudar da fazenda onde vive e trabalha com o esposo. "As crianças estavam crescendo e não estava estudando, ainda bem que surgiu esta oportunidade", disse.
Os alunos receberão atendimento médico e odontológico uma vez por mês. A escola conta com consultório com equipamentos para uso dos dentistas e testes oftalmológicos. Além disso, todos ganharam uniforme, tênis, meias e material escolar para usarem durante o período que estiverem na extensão. Para o secretário municipal de Educação, Hélio de Lima, a nova unidade conta com total apoio do poder executivo. "A Prefeitura vai dar apoio irrestrito para que a unidade Santa Mônica funcione na melhor maneira possível. Estamos disponibilizando professores, auxílio na merenda escolar e todo o auxílio que precisarem", afirmou.