Atendimento humanizado aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) nas cirurgias eletivas (que não apresentam características de urgência ou emergência); agendamento descentralizado das cirurgias, via internet; valorização dos funcionários, com pagamento de salários dentro do mês trabalhado; implantação de sistema informatizado de controle efetivo da compra e saída de medicamentos e materiais hospitalares; funcionamento efetivo dos setores de Tesouraria, Contabilidade e Compras; e recuperação de parte da estrutura física. Estes foram só alguns dos avanços apresentados pela Junta Interventora que administra, desde maio de 2010, o Hospital de Caridade de Corumbá.
A audiência pública, realizada na noite desta terça-feira (02), no Centro de Convenções do Pantanal Miguel Gómez, atende uma das determinações do Termo de Ajustamento Judicial (TAJ), firmado entre o Ministério Público Estadual (MPE), as prefeituras de Corumbá e Ladário, e a Secretaria Estadual de Saúde. Por mais de duas horas, o presidente da Junta, Daniel Martins Costa, secretário municipal de Finanças e Administração; o diretor clínico da Santa Casa, Marco Antônio Cazzolato; o diretor técnico, Antônio João; o contador Mario Sérgio Aguiar Siqueira e o diretor de gestão, Victor Salomão Paiva, descreveram, em detalhes, todo o trabalho desenvolvido na instituição durante os últimos 14 meses.
O secretário municipal de Saúde, Lauther da Silva Serra, membro da Junta Interventora nomeada pelo prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT); o promotor Luciano Anechini Lara Leite, responsável pela 5ª Promotoria do Patrimônio Público, Fundações e Defesa do Consumidor; o procurador-geral do Município, Marcelo Dantas; o secretário de Saúde de Ladário, Cleber Colleone; a presidente da mesa diretora do Conselho Municipal de Saúde, Marcilene Bastos; e o presidente da Associação Médica de Corumbá, Eduardo Lasmar Pacheco, outro membro da Junta, também participaram da audiência, que contou com a presença de representantes de vários outros segmentos da sociedade.
Após apresentar as ações promovidas no principal hospital da região pantaneira, responsável pelo atendimento de corumbaenses, ladarenses e bolivianos residentes na fronteira, os integrantes da mesa responderam todas as dúvidas apresentadas pela platéia. O encontro, segundo o promotor Luciano Anechini, foi bastante positivo e esclarecedor. "Tive uma satisfação em verificar algo que entendo muito produtivo e necessário para que esta intervenção de frutos. Todos que falaram estão muito empenhados neste objetivo, de mudar a situação da Santa Casa", afirmou.
O representante do MPE ressaltou também que outros avanços ainda precisam ser conquistados, sobretudo nas condições de trabalho do corpo clínico. Ainda segundo o promotor, algumas ações da antiga administração da instituição – afastada após a assinatura do TAJ – serão investigadas. Como exemplo, ele citou a falta dos balancetes dos anos 2007, 2008 e 2009. A ausência dos documentos impossibilita, por exemplo, o levantamento da dívida total do hospital.
O hospital
A Santa Casa de Corumbá disponibiliza atualmente 166 leitos, sendo que 90% deles são destinados ao SUS. O corpo clínico é composto por 84 profissionais e a enfermagem tem outros 158 funcionários. Mas o maior número de trabalhadores está na parte administrativa: 182. Ao todo, são 424 pessoas atuando no atendimento ao público na instituição. A folha salarial bruta de julho – quitada no último dia 29, ou seja, dentro do mês trabalhado – foi de R$ 420.209,35.
O Hospital de Corumbá conta com nove setores para atender pacientes internados. 20 convênios, incluindo o SUS, são atendidos no local. Somente pelos procedimentos realizados no mês passado, a instituição tem a receber R$ 628.480,37, sendo R$ 353.214,07 do Sistema Único, o "maior cliente" da Santa Casa. Outros dois dados demonstram bem a grandeza da instituição. No mês de julho, foram servidas 21.207 refeições – 12.423 para pacientes, 6.285 para funcionários e terceirizados e 2.499 para acompanhantes, para os quais é cobrado o valor de R$ 3,50.