Povo das Águas continua no alto Pantanal com ação dos rondonistas

Mais de mil ribeirinhos do alto Pantanal já foram beneficiados pelas ações de cidadania realizadas pelo Projeto Rondon, por meio da Operação Especial Rio Paraguai, em conjunto com o Programa Social Povo das Águas, da Prefeitura de Corumbá. Desde o dia 17 de julho, 17 estudantes e três professores da Universidade do Vale do Itajaí e da Universidade Estadual Paulista estão em águas pantaneiras para levar apoio às famílias que vivem em regiões distantes da área urbana.

O cronograma começou no Porto Maracangalha, na região de São Domingos Ramos, parte alta do Pantanal corumbaense no dia 18 de julho. Durante os 15 dias de ação, os jovens estarão aprendendo a aplicar os conhecimentos que aprendem nas universidades junto à realidade dos ribeirinhos. Este é o maior desafio dos rondonistas em águas pantaneiras. "Fizemos uma oficina para ensiná-los a construir fossas sépticas, porém não existe cimento naquela região. Para isso, fizemos os cálculos e adaptamos com o barro, material que tem em grande quantidade na beira dos rios", disse o estudante do 5º ano de Engenharia Civil da Unesp, Otávio Eduardo Cosi.

Para estes jovens, a sensação é de que não apenas conhecimento está sendo repassado, eles afirmam que estão aprendendo, e muito, com os moradores do alto Pantanal. "É uma troca, eles passam várias informações para nós", comentou Sérgio Vieira Filho, estudante do 4º ano de veterinária na Unesp, que durante a operação explica para os ribeirinhos como prevenir doenças nas produções de gado e carneiro, como a aftosa e carbúnculo, que já fez muitos produtores perderem animais por falta de conhecimento dos métodos que evitam o contágio do rebanho.

Na tarde desta segunda-feira (25) as equipes A e B, como estão divididos os rondonistas, estavam no destacamento de Porto Índio, distante cerca de 270 quilômetros de Corumbá. Antes de chegar ao local, seguiram o cronograma do Povo das Águas e passaram pela região do Castelo; pela Escola Municipal Rural Pólo Porto-Esperança Extensão Paraguai Mirim; Porto São Pedro e passaram também pelo Porto Sete de Setembro no Rio São Lourenço. A partir dessa terça-feira (19) eles retornam até essas localidades para continuar com as ações de cidadania. Duas pedagogas, uma enfermeira e um integrante da Defesa Civil, todos servidores da Prefeitura de Corumbá e membros do Povo das Águas, estão acompanhando e dando suporte para a operação do Projeto Rondon naquela região.

"É um aprendizado único, tanto para alunos, quanto para os professores. Sentimos que os rondonistas voltam diferentes, transformam a faculdade e a sala de aula, além de se tornarem multiplicadores das boas ações", disse o professor de saúde ambiental, Pedro Floriano Santos, da Univali. "Conseguimos constatar que há uma forte política de assistência aos ribeirinhos desta região do Pantanal, por meio do programa Povo das Águas", observou a professora do curso de Farmácia, Ana Paula Veber, também da universidade localizada em Santa Catarina-SC.

Porto Índio

Após breve passagem pela aldeia Uberaba, na Ilha Ínsua, local onde residem os índios Guató, os rondonistas passaram alguns dias realizando as ações de cidadania, como palestras e oficinas, no destacamento militar em Porto Índio, subordinado ao 17º Batalhão de Fronteira. Os rondonistas conheceram a rotina das famílias dos militares que residem naquela região. "O interessante do Projeto Rondon é que podemos ter maior contato com os militares e tirar aquela impressão errada que temos deles. São pessoas que exercem uma função primordial na guarda da soberania brasileira, mas atuam também em questões sociais, auxiliando aos que mais necessitam", concluiu o professor Pedro Floriano.

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