Um grupo de argentinos está atravessando o Rio Paraguai, desde a nascente até o Porto Buenos Aires, na capital da Argentina. O que chama a atenção é que, em vez de usarem grandes embarcações com motores potentes, os quatro rapazes estão percorrendo as águas pantaneiras utilizando caiaques, impulsionados apenas pela força dos braços. Ao todo, serão 4 mil quilômetros percorridos durante quatro meses de expedição. Os argentinos chegaram a Corumbá no último sábado (25) e se encantaram com as belezas da paisagem pantaneira.
"Fiquei impressionado com a Serra do Amolar, um lugar belíssimo", disse o empresário de ecoturismo, Hermann Feldkamp. Ao navegar o Rio Paraguai, desde a sua nascente até a capital portenha, a intenção é levar uma mensagem de preservação ambiental e alertar sobre os possíveis riscos que podem ser causados com a construção de hidrelétricas e dragagens no rio pantaneiro. Para conseguir chegar ao destino final, os rapazes precisam contar com apoio e auxílio de diversas instituições.
"Em Corumbá fomos muito bem recebidos pelos militares do 17º Batalhão de Fronteira, que nos acolheram. A Prefeitura Municipal também nos está dando um auxílio para que possamos continuar nosso caminho. O impressionante é ver como os corumbaenses são hospitaleiros, todos nos tratam muito bem e, com certeza, serão retratados com muito carinho em nosso documentário", reforçou o empresário de ecoturismo. Eles ficam no município pantaneiro até esta sexta-feira (1º de julho), quando devem seguir rumo ao Forte Coimbra.
O grupo é oriundo da cidade de Gualeguaychú, localizada na província de Entre Ríos na Argentina. O município é situado à margem esquerda do Rio Gualeguaychú, afluente do Rio Uruguai. Por isso, o forte apego com as águas e pelos ecossistemas da América do Sul. A expedição pelo rio pantaneiro se chama "A La Tierra Sin Ma" e começou em 15 de maio, na cidade de Diamantino, em Mato Grosso. O fim do percurso está previsto para setembro.
"Remamos apenas durante o dia e, à noite, procuramos uma margem do rio ou casa de ribeirinhos para dormir. Durante o caminho, passamos mensagens de conscientização de que o Pantanal é único no mundo e temos que preservá-lo", complementou Hermann, que realiza a expedição ao lado de Ezequiel Vela, comerciante; Lucas de Miguel, estudante de desenho industrial; e Juan Martin Rivas, empresário. Todo o caminho está sendo filmado pelo grupo e fará parte de um documentário editado pela organização da qual os rapazes participam e que busca sensibilizar a população sobre os impactos que o desenvolvimento industrial pode causar nas águas da chamada El Agua Manda.
O lançamento do documentário está previsto para o próximo ano, sendo que Corumbá será uma das cidades sobre a qual serão exibidas as entrevistas e as imagens captadas pelos argentinos. "Conversamos com ribeirinhos, autoridades políticas, militares, policiais. Queremos saber o que a população acha da criação da Hidrovia que liga o Brasil à Argentina, se é benéfica ou não e quais impactos ela já causou no bioma", comentou Ezequiel Vela.
Os 4 mil quilômetros do trajeto, além de serem feitos a remo, têm mais uma agravante. Cada aventureiro tem que levar cerca de 100 quilos de bagagem dentro do caiaque, que inclui: aparelhos de filmagem, computador, roupas, alimentos e outros objetos. A força, segundo eles, vem do amor pela natureza. "Todo mundo pode fazer essa expedição. Basta querer", comentou Juan Martin Rivas. "Queremos levar a mensagem de preservação ambiental. O Pantanal é muito rico em belezas, em animais. Temos que manter esse santuário para as próximas gerações, não podemos pensar apenas no dinheiro", finalizou Ezequiel.