Com pouco mais de cinco meses de criação, o programa Habilitar atendeu 42 jovens com dependência química. São mais de quatro dezenas de vidas que tiveram o rumo transformado após o acolhimento e tratamento disponibilizado pelas equipes da iniciativa da Prefeitura de Corumbá, por meio da Secretaria Municipal de Ações Sociais. A partir de um atendimento diferenciado e que envolve, além dos aspectos físicos, também os sociais e familiares, os adolescentes passam a ter a oportunidade de se afastar do mundo das drogas e pensar em um futuro melhor. Isso porque a casa localizada na Rua Delamare é preparada para oferecer atividades esportivas e culturais.
Inicialmente, o adolescente era encaminhado ao local somente pelo do Poder Judiciário. Com uma grande demanda de jovens em situação de risco, o programa ampliou o atendimento e recebe indicados por escolas e unidades de saúde, entre outros. "Hoje qualquer um pode chegar que vamos fazer a triagem e o acolhimento. O adolescente vai passar por um processo de avaliação, por todos os profissionais que trabalham no Habilitar (psicólogo, educador físico, pedagogo e assistente social). Montamos um plano individual e começamos a descobrir em qual atividade o adolescente se encaixa", explica Nelma Helena Dib Souza, coordenadora técnica do Habilitar.
Conforme o coordenador administrativo do programa, Luciano Cruz Souza, o primeiro passo é o interesse do adolescente pelo tratamento e, em seguida, comparecer todos os dias. "A frequência é fundamental no desenrolar do tratamento, pois são atividades correlatas. Se ele não vem, acaba quebrando e retorna no estágio inicial", frisa. Atualmente, 25 jovens estão em tratamento frequente, sendo que 17 já passaram pelo programa e são monitorados externamente. "Fazemos visitas aos jovens e cumprimos os encaminhamentos feitos pelo judiciário. Também enviamos os relatórios informando os motivos da desistência", completa.
O atendimento é ambulatorial, ou seja, o jovem fica durante o dia no estabelecimento e retorna a noite para o convívio familiar. A equipe do Habilitar é composta por 12 profissionais, que contam com o auxílio de 18 estagiários do curso de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS – Campus Pantanal) e mais dois do curso de Serviço Social. O tratamento para livrar os adolescentes do vício das drogas é uma das alternativas utilizada pelo Poder Judiciário para o cumprimento das medidas sócio educativas.
Tratamento
Em sua rotina na casa de acolhimento, os adolescentes praticam esportes como tênis de mesa, artes marciais, natação e academia de musculação. Na área cultura, o programa oferece oficinas com atividades teatrais, manuais, além de terapias ocupacionais. "O Habilitar é uma referência não somente para os organismos públicos, mas em especial para a população. O local se torna uma espécie de refúgio para os jovens, que procuram o programa não apenas para se livrar do vício, mas também quando enfrentam problemas em seu cotidiano", acrescentou Luciano, destacando a importância das parcerias com instituições públicas e privadas para o sucesso da iniciativa.
Com formato pioneiro no Centro-Oeste brasileiro, o Habilitar proporciona mais uma chance de reinserção de jovens com dependência química à sociedade. Por meio de um trabalho envolvendo principalmente os familiares e o meio onde vivem, as equipes buscam mostrar um outro lado da vida aos adolescentes, longe das drogas. A estruturação do prédio foi viabilizada com recursos próprios da Prefeitura, do Fundo Municipal de Investimento Social (FMIS) e do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. O programa foi inaugurado oficialmente em 17 de junho deste ano pelo prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT), em solenidade que reuniu representantes dos Poderes Executivo e Judiciário.