"Quando não tem peixe eu pego isca, e isso faz a nossa vida aqui muito difícil. Um sofrimento mesmo. Nós acampamos longe de casa, nos alagados, enfrentando medo de onça, jacaré sucuri, com a água pelo pescoço, para vender cada uma por 18 ou 20 centavos", conta Benedita da Silva, 55 anos, moradora do Porto Nova Estância, na região do Paraguai Mirim, Pantanal Norte de Corumbá, descrevendo a situação dela e dos ‘vizinhos' no curso do Rio Paraguai ou escondidos nos inúmeros canais que criam um sem número de ilhotas verdes. Ela é uma dos cerca de 900 ribeirinhos que serão atendidos pelo Programa Social Povo das Águas entre os dias 1º e 4 de dezembro.
"Aqui a gente não pode comprar uma coberta, um agasalho, uma ‘carçado', um alimento melhor para nós. Por isso a gente fica feliz quando chega a lancha do prefeito e traz essa ajuda pra nós. A gente ouve no rádio que o prefeito vai mandar os mantimentos e fica alegre", diz a pescadora, expressando o sentimento das comunidades que, durante quatro dias, recebem atendimentos em saúde, assistência social e educação oferecidos por uma equipe multidisciplinar de cerca de 20 profissionais da Prefeitura de Corumbá, sob a coordenação da Secretaria Especial de Integração das Políticas Sociais. O mesmo trabalho foi realizado entre os dias 14 e 17 de julho deste ano.
A situação é reforçada pela pescadora Fátima da Silva, 38 anos, também do Paraguai Mirim: "Como a gente não tem transporte para ir vender o peixe ou a isca na cidade, acaba sendo explorado pelos atravessadores. Eles vendem as iscas por 80 centavos ou até 1 real, e pra gente pagam 18 centavos", comenta. Para ilustrar o que descreve, ela conta que a própria alimentação é muito difícil, por pagar até R$ 20 reais por um pacote de arroz, ou 100 iscas. "Mas essa ação vai melhorar bastante a nossa vida, pelo médico, pelos remédios, pelos mantimentos… O que a gente precisa é que seja o mais frequente, e não apenas uma vez no ano", completa.
E é para amenizar situações com as descritas pelas duas pescadoras, a exemplo de mais de 200 famílias do Pantanal Norte, a Prefeitura leva, a partir desta quarta-feira (1º), a sexta edição do programa social que tem levado atendimento a todas as regiões do Pantanal corumbaense, sendo a segunda para a Serra do Amolar. A última ação do ano começa às 14 horas no Porto 7 de Setembro, na região do Rio São Lourenço, próximo à divisa com o Mato Grosso. No mesmo dia, também a partir das 14 horas, uma segunda equipe oferece os mesmos serviços na Escola Municipal Rural Pólo Porto Esperança – Extensão São Lourenço, na barra do São Lourenço.
Já na quinta-feira (2), os trabalhos serão iniciados às 8 horas no Porto São Pedro, em atendimento aos moradores das localidades do São Francisco, Bonfim, Mato Grande e Porto Chané. À tarde, a partir das 14 horas, a equipe da Prefeitura estará na Barra do Paraguai Mirim, atendendo os moradores da localidade, na Escola Municipal Rural Pólo Porto Esperança – Extensão Paraguai Mirim. No terceiro dia da ação, sexta-feira (3), os trabalhos ocorrem no Porto do Zequinha, na região do Castelo, a partir das 8 horas. O encerramento será no sábado (4), no Porto Maracangalha, a partir das 8 horas, quando serão atendidos os moradores da região do São Domingos Ramos.
A iniciativa integra a política social do prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT) de levar aos moradores dos mais distantes recantos do município os mais diferentes serviços e itens de primeira necessidade, como assistência médica, odontológica, social e educacional, além de entrega de itens como cestas básicas, roupas, kits de higiene e limpeza e brinquedos. A equipe parte às 8 horas da terça-feira (30), em frente ao Moinho Cultural, a bordo do barco Éda Ipê III. Os trabalhos contam com apoio das Secretarias Executivas de Assistência Social, Educação e Saúde Pública; Gerência Municipal de Ações da Defesa Civil e Subsecretaria de Comunicação Institucional.