Em Corumbá, 550 famílias de baixa renda continuam vivendo apenas o sonho da casa própria. Dotadas de toda infraestrutura, bem diferente das condições sub-humanas de suas atuais moradias, as casas já foram concluídas, como parte do novo conjunto habitacional com 800 unidades que a Prefeitura Municipal está implantando na região do bairro Guatós, parte alta da cidade. No entanto, elas ainda não podem ser ocupadas devido à falta de água, serviço que já deveria ter sido executado pela Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul (Sanesul), do Governo do Estado.
Na manhã desta sexta-feira (15), o secretário municipal de Desenvolvimento Integrado em exercício, Ricardo Campos Ametlla, comentou que a empresa estadual está com seu cronograma bastante atrasado. Conforme ele, a rede de distribuição de água deveria estar concluída em julho deste ano, conforme estabelecido no ofício 1.348/2009/Sanesul, de 3 de novembro de 2009. "Este documento estabeleceu prazo de oito meses para a Sanesul implantar a rede de água. Venceu em julho e até agora, as casas continuam sem água, impedindo a Prefeitura de instalar as famílias nas novas moradias", enfatizou.
O secretário informou que o ofício estabeleceu prazo para implantação não só da rede de água, mas também de esgotamento sanitário. As casas localizadas nas proximidades do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) já estão com a rede de esgoto, inclusive com as ligações na calçada. No entanto, a rede de água ficou apenas nas estacas, implantadas pela Sanesul, que esteve no local para medição e demarcação, e não retornou, conforme relatou um funcionário da empresa responsável pela construção das casas, e que fica no local para garantir a segurança, evitando depredações e roubos. No local, a única casa com cavalete e hidrômetro, é a que serviu de modelo para visitação pública.
Ametlla afirmou ainda desconhecer os motivos que levam a Sanesul a atrasar a execução da obra da rede de abastecimento de água, lembrando que, em 2008, quando ocorreu a apresentação e aprovação do projeto, a Sanesul declarou viabilidade da água e do esgoto. "O projeto só foi aprovado com essa condição. No entanto, ainda estamos sem água, serviço fundamental para que possamos instalar estas famílias nas casas já concluídas e, inclusive, com asfalto passando na frente", comentou.
"E este não é o primeiro atraso. É o segundo. Quando a obra começou, em 2008, foi definido um cronograma", reforçou o secretário, prosseguindo: "Somente no primeiro ano, a previsão era conclusão de 300 moradias. As casas ficaram prontas, mas a Sanesul não implantou as redes de esgoto e nem de água. Outras 250 casas ficaram prontas em 2009, mas também sem água e esgoto. Hoje, já estamos com mais de 550 em condições de moradia, mas continua faltando água".
O novo conjunto está sendo construído com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com contrapartida do Município. O empreendimento via atender famílias de baixa renda que vivem do Cravo Vermelho III, conjunto Tiradentes, Loteamento Pantanal, Lar Doce Lar, Generoso, Cervejaria e Beira Rio, que vivem em condições precárias, inclusive nas áreas de riscos, como nas encostas das regiões de morraria.
Além das 800 casas, o novo conjunto contará com uma série de equipamentos urbanos como praça de esporte e lazer, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), uma pré-escola e creche, e ainda Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF). Contará também com 800 metros de galerias de água pluvial, 45,8 mil metros quadrados de pavimentação asfáltica (cerca de 28 quadras), tudo em fase de execução. Os investimentos no local somam R$ 28.525.000, sendo R$ 24.246.250 oriundos do Governo Federal, repassados pelo Ministério das Cidades, e outros R$ 4.278.750 de contrapartida municipal.