Clóvis Neto |
O Projeto Rondon está sendo uma experiência única para um grupo integrado por 10 acadêmicos brasileiros e bolivianos, além de professores, que estão atuando na região de Corumbá. A ação foi lançada na segunda-feira passada (5) e, uma semana depois, eles vivem a expectativa de concluir os trabalhos do lado brasileiro e iniciar as atividades em Puerto Quijarro, na Bolívia, como parte do projeto piloto que vai definir a ampliação da área de atuação em atendimento não só para cidades brasileiras, mas também para regiões localizadas em países que fazem fronteira com o Brasil.
Ação voltada à integração social, envolvendo a participação voluntária de estudantes universitários na busca de soluções que contribuam para o desenvolvimento sustentável de comunidades carentes, o Projeto Rondon, após sua reedição, está sendo inédito na região pantaneira. O lançamento ocorreu na noite do dia 5, no Centro de Convenções do Pantanal de Corumbá, com as presenças dos prefeitos Ruiter Cunha de Oliveira e José Antônio Assad e Faria, de Ladário, onde outro grupo de rondonistas estão atuando.
No município de Corumbá, os trabalhos estão voltados às questões de saúde, educação e meio ambiente. Na semana passada, com apoio de técnicos da Prefeitura de Corumbá, o grupo visitou localidades rurais, como os assentamentos Urucum e São Gabriel e o Distrito de Albuquerque. Na sexta-feira (9) iniciaram as ações na área urbana, visitando a comunidade do bairro Dom Bosco.
O professor Estanislau Monteiro Oliveira, conselheiro nacional do Projeto Rondon, avaliou como positiva a primeira semana em Corumbá. “Está sendo uma verdadeira aula prática da realidade brasileira, importante para o aperfeiçoamento daquilo que eles aprendem nas universidades”, explicou, se referindo aos trabalhos dos alunos. Na opinião dele, está havendo uma interação total com as comunidades visitadas.
“As famílias sentem enorme alegria ao receber as visitas dos rondonistas. Este intercâmbio é importante”, disse, lembrando também o apoio recebido de técnicos da Prefeitura para dar continuidade às ações. “O Projeto Rondon não fica aqui, mas a equipe da Prefeitura permanecerá e dará continuidade a estas ações”, comentou, elogiando a atenção recebida de técnicos do Município que, desde o primeiro dia, estão participando das atividades, numa verdadeira interação com os acadêmicos e professores.
Estanislau acompanhou o grupo de universitários na visita técnica feita ao Hospital de Corumbá no sábado pela manhã. Foram recebidos pelo presidente da Junta Administrativa do Hospital, Lamartine de Figueiredo Costa. Eles conheceram a unidade e realizaram um trabalho na pediatria, junto com as crianças. Para o acadêmico de medicina veterinária, Lucas Azuaga, o projeto tem sido importante, “que toca a gente”, observou, enquanto participava da visita.
Artista do grupo (presenteou o professor Estanislau com artesanato produzido por ele próprio), Lucas disse que ficou surpreso ao visitar as comunidades de Urucum e São Gabriel. “Como pode uma região tão rica em água, com este belo Pantanal, ainda ter problema com falta de água? Não imaginava que aqui teria este tipo de problema, que a água é salobra. É uma situação que toca a gente”, comentou. Ele espera que o Projeto Rondon contribua para minimizar o quadro e que, apesar desse problema, está considerado a experiência como muito boa. “Todos os dias estamos aprendendo coisas novas. Estamos vivendo em comunidade e isto é muito bom”, destacou.
Puerto Quijarro
O grupo fica em território brasileiro até a manhã do dia 15. À tarde, os rondonistas vão para Puerto Quijarro, do outro lado da fronteira, em território boliviano, para cumprir a segunda etapa do projeto piloto. Serão mais dez dias de trabalho antes da reunião em Santa Cruz, para avaliar o resultado destas duas etapas e decidir se o projeto será estendido, com ações não só na Bolívia, mas também no Paraguai e Perú.
Quem espera que isto aconteça é a acadêmica de medicina Ruth Roria Saracho, da Universidad Autónoma Gabriel René Moreno, de Santa Cruz de La Sierra. “Está sendo a maior experiência da minha vida, a minha primeira experiência como futura médica”, destacou enquanto visitava o Hospital de Corumbá. Segundo Ruth, o Projeto Rondon está permitindo um intercâmbio com acadêmicos brasileiros, conhecer novas culturas e que tudo isto, aliado ao trabalho nas comunidades, possibilita “um contato maravilhoso”. Ela vive a expectativa do projeto ser ampliado e atingir outras regiões da Bolívia.
O Projeto Rondon foi reeditado em 2005 pelo Governo Federal e envolve as mais diferentes áreas, com apoio das Forças Armadas, que proporcionam o suporte logístico e a segurança necessária às operações, da Associação Nacional dos Rondonistas, da União Nacional dos Estudantes, de Organizações Não-Governamentais, de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público e de Organizações da Sociedade Civil. Na região, a iniciativa tem apoio das Prefeituras de Corumbá e Ladário, bem como da Marinha do Brasil, por meio do 6º Distrito Naval. Esta edição é uma operação especial de intercâmbio entre o Brasil e a Bolívia, idealizada pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério de Relações Exteriores.
Antônio Carlos – Subsecretaria de Comunicação Institucional