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Na programação do Circuito Sul-mato-grossense de Teatro, projeto da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul de circulação de espetáculos teatrais, o grupo Oficina de Criação Teatral (OCT) apresentará, no Instituto Cultural Luis de Albuquerque (ILA), em Corumbá, nos dias 11 e 12, às 20h, “Dorotéia”, de Nelson Rodrigues, montagem ganhadora do Prêmio Funarte de Teatro (2006). O espetáculo conta com apoio da Prefeitura Municipal de Corumbá, através da Fundação de Cultura do Pantanal.
A primeira apresentação do Circuito Sul-mato-grossense de Teatro aconteceu em 20 de abril, com a proposta de passar por 20 municípios com cinqüenta apresentações, até o fim de julho. Depois de Corumbá, Dorotéia será apresentada nos dias 16 e 17 em Rio Verde (no Salão Paroquial, às 20h), e no dia 18 em Coxim.
Dorotéia é uma das peças menos conhecidas de Nelson Rodrigues. Escrita em 1949, ela encerra o ciclo mítico de sua obra. O autor a nomeou de “farsa irresponsável”, classificação que até hoje provoca longas discussões. Trata-se possivelmente da obra mais controversa de todo o polêmico repertório dramático do autor.
Por trás dessa história aparentemente absurda, onde mulheres se apaixonam por um par de botas e chegam a morrer por causa disto, o dramaturgo discute um dos maiores mitos da humanidade: sexualidade e repressão.
Depois de 57 anos de sua estréia no Rio de Janeiro, Dorotéia é será encenada em Mato Grosso do Sul pela diretora Andréa Freire, graduada em Artes Cênicas, fundadora e ex-integrante do Grupo Sobrevento de Teatro de Animação (SP).
Idealizadora da Oficina de Criação Teatral, criada há 14 anos, Freire afirma que está sendo um exercício intenso ampliar o caminho para um trabalho mais duradouro de formação de platéia “Queremos aproximar o público a temas que nos colocam diante da limitação humana, dos nossos contrastes brutais, da necessidade de superação dos desequilíbrios e da capacidade que temos de interferir no destino”.
Sinopse
A peça desenvolve-se num universo repleto de absurdos, criado pela imaginação das personagens: a abstrata casa de três primas viúvas, todas de luto, num vestido longo e casto que esconde qualquer curva feminina. Elas conservam-se em obstinada vigília através dos anos. Nenhuma das três jamais dormiu para jamais sonhar.
Sabem que no sonho rompem volúpias secretas e abomináveis. São feias, têm a pele cheia de espinhas e irrupções. Pertencem a uma família na qual as mulheres possuem um defeito de visão: não enxergam os homens. Casam-se sem ver os maridos e, na noite de núpcias, são acometidas por uma náusea, depois da qual seus noivos apodrecem, vão se decompondo. Usam máscaras que representam a duplicidade da realidade em que vivem.
Dorotéia é a prima que tem o rosto belo e nu, se veste de vermelho e é a única mulher da família que vê os homens. Só no final, ao se perder de si mesma e assumir a personalidade imposta pela artificialidade e hipocrisia social, renunciando em definitivo à beleza e à vitalidade, ela portará uma máscara hedionda.
Mais informações sobre o Circuito de Teatro, no Núcleo de Teatro da Difusão Cultural da FCMS, pelos telefones (67) 3316-9172 ou 3316-9173.