Projeto desenvolvido em escola da Reme é destaque nacional

Assessoria de Imprensa

Exibida no dia 24, reportagem mostrou como os alunos aprendem, por meio de oficinas lúdicas e brincadeiras, a proteger o meio ambiente

São quase 80 quilômetros de distância da área urbana de Corumbá. O único acesso terrestre é pela Estrada Parque. Em épocas de grandes cheias no Pantanal, os carros precisam ser substituídos por pequenos barcos, já que as águas do Rio Paraguai ocupam longos trechos da MS-184. É neste local, chamado Porto da Manga, que funciona uma das extensões da Escola Municipal Rural Polo Luiz de Albuquerque. Com duas salas de aulas multisseriadas e quase 50 alunos, a escolinha integra o projeto Crianças das Águas, coordenado pela Organização Não Governamental Ecoa e apoiado pelo projeto Criança Esperança, da Rede Globo em parceria com a Unesco.

Exibido no último sábado (24) no Jornal Nacional, o projeto abriu oficialmente a 25ª edição do Criança Esperança. Os repórteres Edney Silvestre e Eduardo Torres mostraram como os alunos aprendem, por meio de oficinas lúdicas e brincadeiras, a proteger o meio ambiente. A reportagem foi gravada em junho, acompanhada pelo secretário executivo de Educação de Corumbá, Hélio de Lima, e pela diretora da unidade escolar, Maria Auxiliadora Marques de Mello.

A extensão Porto da Manga foi toda reformada pela Prefeitura Municipal no início deste ano letivo. Os banheiros, dormitórios, salas de aulas e a cozinha receberam nova pintura e equipamentos. Uma sala de informática foi montada para atender às crianças que estudam no sistema de jornada ampliada, onde são realizadas atividades nos dois períodos (matutino e vespertino). “Antes a gente escutava os morcegos dentro do forro das salas. Depois da reforma, eles não conseguem mais entrar”, disse Leandro Castelo Vera, 11 anos, aluno da 6ª série.

Conforme explicou o estudante, o aparecimento de animais silvestres é tão comum na região que todas as crianças já são acostumadas com este contato. “É mais fácil ver jacaré por aqui do que carro”, continuou Leandro. “Os bichos fazem parte da natureza. Nós que estamos no lugar deles, não eles no nosso”, complementou Alexandra Dolores Sori, 10 anos, também aluna do 6ª série, que sempre estudou no Porto da Manga.

“É esta consciência ambiental que o projeto busca despertar nestes jovens. A prefeitura, por meio da secretaria, busca levar o aprendizado também para fora das salas de aula, aplicando o conhecimento no cotidiano desta população”, comentou Hélio de Lima. “Percebemos que as crianças já estão sensíveis, já conhecem o Pantanal. Elas já sabem do prejuízo de uma queimada, sabem que aqui vai ter a família e outras pessoas que vão estar aqui e que dependem daqui pra sobreviver”, observou a jornalista Patrícia Zerlotti, coordenadora do Crianças das Águas Pantanal.

Combate à evasão

Praticamente todos os moradores da região do Porto da Manga sobrevivem da pesca, do turismo ou trabalham em fazendas de criação de gado. Como muitas destas atividades são sazonais – mais intensas ou fracas em determinadas épocas do ano – parte desta população acaba se mudando para a cidade ou outras localidades. No dia em que a equipe da Rede Globo gravava a reportagem do Criança Esperança, o casal Ludio, 51 anos, e Jane, 36, buscavam vagas na escola para seus quatro filhos.

“O único que já estudou foi o mais velho (Eduardo, de 13 anos). Assim mesmo ele não completou o ano”, disse o pai, recém empregado como campeiro em um sitio perto dali. As outras três crianças (Leandro, de oito anos; Camila, nove; e Leonardo, de seis) nunca sentaram em um banco escolar. “Nós nunca moramos na cidade durante um ano inteiro”, justificou Jane, que logo completou: “Aqui recebemos uma força do patrão e dos vizinhos para virmos matricular nossos filhos”.

A matrícula das crianças foi efetivada pelo secretário Hélio de Lima, que também garantiu uniformes da Rede Municipal de Ensino (Reme) e material didático para os novos alunos. “Estamos muito contentes de recebê-los. Peço que não se sintam chateados ou intimidados. Aqui é o local de aprender”, disse o professor aos jovens.

Criança das Águas

Como mostrou o Jornal Nacional, a Ecoa, juntamente com a Prefeitura de Corumbá e em parceria com a Marinha do Brasil e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), desenvolve ações específicas para o desenvolvimento de 250 crianças de três comunidades pantaneiras: Porto da Manga, Paraguai Mirim e Barra do São Lourenço, sendo três os componentes principais: saúde, educação e ambiente. Tudo começou com um trabalho de articulação com as secretarias de Educação do Estado e do Município para construção de uma escola na comunidade, até então a mais isolada do Pantanal, a Barra São Lourenço, em 2004.

Inicialmente estavam previstas matriculas de 22 crianças. Hoje a escola possui uma estrutura ampla e confortável, com laboratórios de informática, dormitórios, banheiros específicos, duas salas de aula amplas e uma rádio escola, e atende diretamente 57 crianças matriculadas tanto da própria comunidade quanto de outras mais distantes, além do suporte direto e integração à associação local, para os pais ela é a referência da comunidade, onde sem ela não seria possível a permanência na localidade.

Rodrigo Nascimento – Subsecretaria de Comunicação Social

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