Especial Servidor Público
"Todos têm um potencial, e ajudar a identificar e a multiplicar isso é a maior realização que posso ter como servidora pública"
Quando a comerciante autônoma Suely Moreno da Conceição, hoje com 47 anos, moradora do bairro Nova Corumbá, candidatou-se a uma vaga do programa Mãe Crecheira há quatro anos – hoje Creche o Ano Todo -, pensou tratar-se apenas de uma forma de ganhar um dinheiro extra no mês de janeiro para cuidar do próprio filho e de outras crianças. Não imaginava que o fato a levaria à faculdade de Pedagogia, muito tempo depois de ter abandonado o curso de Administração de Empresas.
"As pessoas gostaram do meu trabalho, disseram que eu tinha jeito para lidar com crianças e sugeriram que eu fizesse o curso. No começo, duvidei da minha capacidade, mas insistiram que meu serviço era bom e hoje estou indo para o segundo ano da faculdade", conta a mãe e estudante, cujo filho frequentava a creche Inocência Cambará, no bairro Centro-América. Ela é um dos notórios resultados da iniciativa pioneira da Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Educação, que todos os anos capacita cerca de 80 mães para atuar nas nove creches durante as férias de janeiro.
A pedagoga Mirian Bastos de Oliveira da Silva, técnica da Educação Infantil, é uma das co-responsáveis por esta e outras conquistas. Desde 2007, ela integra a equipe que cadastra e seleciona as mães com perfil para lidar com crianças e promove capacitações, além de acompanhar o trabalho ao longo de todo o mês. "Durante a formação, ensinamos as mães a cuidar e educar por meio de atividades lúdicas e prazerosas e, de forma bem dinâmica, mostramos como trabalhar a rotina das crianças", explica.
Como salienta Mirian, muito mais do que ocupação e renda extra, o Creche o Ano Todo oferece às mães a oportunidade de descobrir o que querem, estimulando-as a voltar a estudar. "Muitas delas não tinham nem o ensino médio e hoje estão cursando a EJA (Educação de Jovens e Adultos) e até a faculdade. Ou seja, é um resgate da auto-estima para novas conquistas, já que o nosso objetivo é que elas não se limitem ao programa. Todos têm um potencial, e ajudar a identificar e a multiplicar isso é a maior realização que posso ter como servidora pública", diz.
"O fato de haver muitas crianças carentes de atenção, afeto e carinho foi o que mais me motivou a cursar Pedagogia. Agora, com a faculdade, poderei transformar em trabalho essa paixão que descobri ter pelas crianças. Ou seja, vou colocar minha vocação em prática, graças à iniciativa que mudou completamente o curso da minha vida", completa Suely.
"No começo, duvidei da minha capacidade, mas insistiram que o meu serviço era bom e hoje estou indo para o segundo ano da faculdade"
(Fatos narrados em dezembro de 2010)