Especial Servidor Público
"Quando a Monique veio à cidade, desesperada, a primeira coisa que fez foi nos procurar, pois sabia que receberia apoio e teria amigos com quem contar"
Nada indicava que aquela manhã de 13 de setembro de 2010 seria diferente na Colônia São Domingos, região do Paiaguás, nas proximidades do Rio Taquari, quando a dona de casa Monique Castelo Soares, 23 anos, saiu com uma das filhas para a pequena lavoura em busca de alimentos para preparar o almoço. Para ela e a família, no entanto, seria trágica. Ao retornar, avistou a casa de madeira e palha totalmente em chamas e, a despeito do desespero por perder tudo do pouco que possuía, nada podia fazer contra as labaredas.
Quando o fogo se foi e a fumaça baixou, nada mais havia do que um amontoado de cinzas e algumas estacas de pé. Absolutamente tudo havia sido perdido, incluindo os documentos pessoais. Com muito esforço, conseguiu ajuda dos vizinhos para viajar a Corumbá e, após quase dois dias de jornada, recorreu à Secretaria Executiva de Assistência Social da Prefeitura, onde reencontrou a pedagoga Lília Maria Golveia Bezerra, gestora do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS Itinerante), que a encaminhou à Gerência de Ações da Defesa Civil.
As duas tinham se conhecido meses antes, na primeira ação do Programa Social Povo das Águas, quando uma equipe de servidores municipais levara serviços em saúde, educação e assistência social às famílias ribeirinhas da região. "Ela perdeu tudo e ficou morando embaixo de uma árvore, pedindo ajuda aos vizinhos. Então, quando veio à cidade, desesperada, a primeira coisa que fez foi nos procurar, pois sabia que receberia apoio e teria amigos com quem contar. E assim foi: conseguimos colchões, lonas, alimentação e tudo o que era necessário para que aquela família pudesse recomeçar a vida", descreve Lília.
Este é um exemplo da atuação da servidora à frente do CRAS Itinerante, por meio do programa da Secretaria Especial de Integração das Políticas Sociais, que leva atenção e cidadania às principais regiões do Pantanal sul-mato-grossense. "Por meio dessa iniciativa maravilhosa, estamos conhecendo e levando ajuda e esperança aos ribeirinhos. E a maior satisfação é mostrar que, apesar da distância, eles não perdem os direitos de cidadãos", diz.
"Foi graças ao Povo das Águas que consegui um amparo na cidade quando me vi na situação mais difícil da minha vida. Não fosse isso, nem sei como teria sobrevivido com minha família", desabafa Monique, com a casa reconstruída e a normalidade voltando aos poucos em sua vida pantaneira, cuja grande alegria é criar os filhos na tranquilidade da natureza.
"Foi graças ao programa Povo das Águas que consegui um amparo na cidade quando me vi na situação mais difícil da minha vida"
(Fatos narrados em dezembro de 2010)