O Programa Social Povo das Águas encerrou o ano de 2011 com resultados altamente positivos. Em nome edições, as equipes da Prefeitura de Corumbá e parceiros levaram os mais variados benefícios à população ribeirinha, residente em regiões de difícil acesso, e o balanço final apontou um total de 24.610 procedimentos nas áreas social, de saúde e educação, em atendimento as comunidades residentes nas regiões do Taquari, alto e baixo Pantanal. Os números foram repassados pela Secretaria Especial de Integração das Políticas Sociais, pasta que coordena o programa que permitiu atender 615 famílias de ribeirinhos em três oportunidades durante o ano.
O Povo das Águas foi criado pela Prefeitura para levar serviços médicos, odontológicos, educacionais e sociais aos moradores das áreas de difícil acesso do Pantanal corumbaense. "Dividimos a planície pantaneira em três grandes regiões: Alto Pantanal, Taquari e Baixo Pantanal, onde cada uma delas recebeu três edições do Povo das Águas 2011. Ou seja, cada família foi atendida em três ocasiões diferentes", explicou a secretária de Integração das Políticas Sociais, Beatriz Cavassa de Oliveira.
Na nove edições, o programa permitiu um total de 6.219 atendimentos sócio-educacionais; distribuição de 1.875 cestas básicas; 8.444 colchas; 332 kits bebês; 1.132 kits verduras, além de roupas, agasalhos e redes; 1.448 atendimentos médicos; 1.721 procedimentos de enfermagem; 511 atendimentos odontológicos com distribuição de 2.160 kits com escovas e pasta dental; acompanhamento de 317 crianças de 0 a 5 anos de idade; aplicação de 1.965 doses de vacinas diversas para crianças, adultos e idosos; aplicação de 97 questionários para profissionais da pesca, do turismo e pequenos agricultores, por meio do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest); atendimento a 110 ribeirinhos por meio de entrevistas realizadas pelo Centro de Atenção Psicossocial álcool e drogas (CAPS ad), além de acompanhamento de outras 34 famílias por parte da equipe de Educação em Saúde.
Neste ano foram beneficiados os moradores do Corixão, Cedrinho, Porto Santa Ana, Porto Sagrado, Porto Figueira, Porto Sairu, todas na região do Taquari; Rio São Lourenço, Barra do São Lourenço; Paraguai Mirim; Baia Vermelha, Ilha Verde, Porto Chané, Amolar, Castelo, Capim Gordura, Domingos Ramos, Tuiuiú, Piuval, no alto Pantanal; Volta Grande, Boca do Paraguai Mirim, Formigueiro, Porto da Manga, Forte Coimbra, Porto Esperança e Porro Morrinho, no baixo Pantanal.
Cheia e seca
Na primeira edição do Povo das Águas 2011, realizada em março no Taquari, a equipe da Prefeitura encontrou centenas de famílias castigadas pela cheia da planície. "A gente não esperava tanta chuva. Ela acabou com toda a nossa roça", narrou Elisandra Soares Castelo, 32 anos, mãe de duas filhas pequenas. "Não sei o que faríamos se não chegasse essa ajuda", disse a taquarizana, nascida e criada no sitio Liberdade, distante aproximadamente 150 quilômetros da área urbana de Corumbá. "A vida aqui não é fácil, mas pelo menos a gente vive no que é nosso", justificou Airton Soares Vieira, 46 anos, marido de Elisandra.
Para vir até a cidade, os ribeirinhos gastam até R$ 50 em uma viagem que pode durar mais de 12 horas. "A água acabou com todas as minhas plantas. Eu tinha bastante mandioca, banana, só que agora está tudo inundado. Mas fazer o que? Isso é obra de Deus. Tem que aguentar o que Ele quer", comentou Bernardo Tássio, 81 anos, morador da Barra do São Lourenço, segunda região atendida pelo Programa Social.
O aposentado mora com quatro dos quinze filhos que teve com Dona Irene, e mais uma neta de 13 anos, no mesmo local onde ele nasceu e cresceu. "Ali morreu meu pai, duas irmãs e um sobrinho. Da minha família, só resta eu por aqui", contou. O casal passou pelo médico, tomou as vacinas contra a gripe e recebeu todos os serviços disponibilizados aos ribeirinhos. Já na última viagem de 2011, o barco que atende o Município encontrou uma situação completamente diferente na parte baixa.
"Baixou muito e acho que ainda seca mais um pouco", disse Carmelindo Soares, 60, morador de um pequeno sítio em Porto Morrinho. Em junho, quando o Povo das Águas atendeu a região baixa do Pantanal pela primeira vez no ano, a residência dele estava pelo menos 30 centímetros embaixo d'água. Hoje um enorme barranco separa a casa do rio Paraguai. Recém operado, Seu Carmelindo ainda tem dificuldade para passar horas na canoa em busca do alimento para a família.
"Quem está tocando as coisas aqui sou eu", contou Julia Souza, 56 anos, mulher do pescador. O barranco extremamente é um dos desafios que o casal enfrenta diariamente. "Ele desce e sobe isso bem devagar porque operou da próstata e não pode fazer força. Cair então, nem pensar", afirmou a senhora, reiterando que a dificuldade de chegar até a cidade é amenizada quando a equipe chega em seu porto. "É muito bom ver o Povo das Águas chegando. Alivia o coração", descreveu.
"É por tudo isso que a presença do Poder Público municipal nestas localidades é fundamental. São pessoas que precisam muito da nossa atenção", completou a secretária Beatriz Cavassa de Oliveira. Além da Secretaria Especial de Integração das Políticas Sociais, a Secretaria de Assistência Social e Cidadania, a Secretaria de Saúde, a Secretaria de Educação, a Fundação de Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário e a Defesa Civil também integram o Programa Social Povo das Águas. A Receita Federal, que doou as colchas, e a Marinha do Brasil, que cedeu os médicos, são parceiros da Prefeitura na ação.