A saúde foi o principal tema da coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, 1, com o prefeito de Corumbá, Paulo Duarte. A área tem recebido críticas da população e da mídia local por conta, principalmente, da falta de médicos e da qualidade do atendimento no hospital, pronto-socorro e unidades de saúde.
O chefe do executivo alegou que não está satisfeito com a saúde, “nem como prefeito e nem como usuário” e que o primeiro passo para se resolver um problema é admitir que ele existe. “Já fui no hospital e no pronto-socorro pelo menos umas 8 vezes nesses dois meses de trabalho, inclusive passei pelo hospital à meia-noite e presenciei a situação. Reconheço que a dificuldade é grande. Na nossa gestão nada será escondido”, afirmou.
O prefeito pediu paciência e compreensão com a área da saúde que, segundo ele, é “a mais delicada” da administração municipal e um problema crônico em todo o País. Ele informou que, como deputado estadual, já esteve em todas as 79 cidades do Mato Grosso do Sul e que o problema da saúde é generalizado.
“Em Campo Grande, por exemplo, é ainda pior do que aqui. Mas isso não serve de justificava para nós, muito pelo contrário. Estamos fazendo um amplo diagnóstico da situação e promovendo diversas ações importantes para a melhoria da saúde municipal”.
Ações
Entre essas ações estão a forte campanha de combate à dengue, para livrar o município de uma epidemia; a profissionalização da gestão da saúde; a construção de três unidades de saúde e a ampliação de outras cinco; abertura de concursos para contratação de médicos e enfermeiros; implantação de um plano de cargos e salários para todos os servidores da saúde; a requalificação da rede do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS); a inauguração de mais um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) ainda neste ano; a criação de uma unidade de saúde fluvial para o atendimento às populações ribeirinhas.
Outras ações importantes são a ampliação do núcleo de telessaúde, viabilizando a consulta com profissionais de plantão via Internet; a inclusão de 100% das unidades básicas de saúde no Programa de Qualidade às Unidades Básicas de Saúde (PMAQ), garantindo verbas federais a todos esses estabelecimentos; implantação do prontuário eletrônico até o início do segundo semestre; e a integração de todas as unidades de saúde, além de uma série de iniciativas na promoção da saúde da mulher e na atenção especializada.
Tudo isso – ou pelo menos quase tudo – segundo palavras da secretária da Saúde, Dinaci Ranzi, está sendo planejado para acontecer ainda em 2013. “Fizemos um planejamento estratégico no início da gestão e nossa meta é implantar pelo menos 80% disso ainda neste ano”, disse o prefeito.
Outro motivo de cobrança é a humanização do atendimento no hospital, pronto-socorro e unidades de saúde. “Não é nem atendimento, nós chamamos de acolhimento mesmo. É preciso um olhar mais humano para a saúde e estamos atentos a isso”, disse o prefeito.
Para resolver esse problema, a saída é treinamento e capacitação. Por isso em abril acontece em Corumbá o “I Seminário de Humanização da Macro Corumbá”, voltado para todos os trabalhadores da saúde.
Complicadores
O prefeito Paulo Duarte lembrou ainda que, além de ser um problema nacional, a saúde encontra desafios particulares em Corumbá, que complicam e atrasam um pouco o processo de melhoria dos serviços públicos. Uma delas é a grande dívida herdada pela Santa Casa de Corumbá, onde as despesas superam bastante as receitas.
“A Santa Casa tem um déficit mensal de R$ 300 mil a R$ 400 mil. Já assumimos a administração com esse problema”, lamentou o prefeito, que também apontou as soluções. “Já substituímos a equipe administrativa do hospital por profissionais do setor, conversamos com os médicos, enfermeiros e funcionários. Resolveremos essa situação com diálogo, planejamento e muito trabalho”.
Outro complicador local é o fato de Corumbá ser uma cidade fronteiriça que, como tal, atende em seu sistema de saúde não apenas os moradores do município. “Somos uma cidade de 105 mil habitantes, mas atendemos Ladário e algumas cidades da Bolívia sem receber nada por isso”, disse.
“Não estamos negando atendimento, mas arcamos com todo o ônus disso e o Governo Federal tem de nos ajudar com recursos. É preciso um olhar diferenciado para a região, nos tratando como um território de fronteira”, disse o prefeito, que já conversou a respeito disso diretamente com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Para o prefeito Paulo Duarte, nenhuma dessas questões serve de justificativa, mas devem ser pontuadas de maneira clara e transparente para que a população tenha total ciência dos desafios e dificuldades que a administração pública enfrenta para a melhoria dos serviços de saúde.
“A área da saúde carrega problemas de 10, 20, 30 anos. Não adianta querer resolver isso em 60 dias, pois não existe salvador da pátria. Quero ser avaliado daqui a alguns meses. E podem me julgar no final do meu mandato”, concluiu.