Walthenia Agda Costa faleceu na manhã desta quinta-feira, às 04 horas, em Brasília, DF, onde estava representando Corumbá e o Mato Grosso do Sul, no Movimento Nacional em Defesa da Saúde Pública, Saúde+10. Ela sentiu-se mal no início da marcha. Socorrida, foi encaminhada a um hospital na Capital Federal com infecção renal, quadro agravado em virtude da Anemia Falciforme.
Walthenia participava do movimento representando o Conselho Municipal de Saúde de Corumbá, do qual era presidente. Seu falecimento foi bastante sentido pelo prefeito Paulo Duarte que destacou-a como “uma mulher guerreira”, que lutou para trazer para Corumbá, estrutura necessária para tratamento da doença.
“Ao longo dessa nossa caminhada encontramos grandes amigos e amigas. Pessoas de grande valor, que superam as próprias dificuldades e se doam pelo próximo. Hoje perdemos uma dessas pessoas. Uma mulher guerreira, que lutou para trazer para Corumbá, estrutura necessária para tratamento da doença Falciforme, da qual era portadora”, afirmou Paulo.
Além de presidente do Conselho de Saúde, foi nomeada conselheira pelo Decreto 1.133, de 19 de fevereiro de 2013, como representante do Instituto Madê Korê Odara do Pantanal (IMKOP), Walthenia era coordenadora da Macrorregião de Saúde de Corumbá, e presidente da Associação Corumbaense das Pessoas com Doenças Falciformes (Acodfal).
Walthenia nasceu com a doença e seguiu os passos de sua mãe, Neide dos Santos Costa, outra batalhadora para implantar na cidade, tratamento na Rede de Saúde Pública. Ela estava com 36 anos, nasceu em 10 de setembro de 1.976, e deixou um filho, Carlos Augusto Costa Rosário, 17 anos, de seu casamento com o professor de Educação Física e também batalhador pela causa, Davi Vital Rosário.
“Corumbá perdeu uma batalhadora que sempre lutou para que as pessoas portadoras da Anemia Falciforme tivessem atendimento na Rede de Saúde Pública”, afirmou Davi, ressaltando que já estão sendo tomadas todas as providências para o translado de seu corpo para Corumbá, onde será velada e enterrada.
A doença
A Anemia Falciforme é uma doença genética e hereditária, predominante em negros, mas que pode se manifestar também nos brancos. Ela se caracteriza por uma alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem a forma arredondada e elástica, adquirem o aspecto de uma foice (daí o nome falciforme) e endurecem, o que dificulta a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre e a oxigenação dos tecidos.
É causada por mutação genética, responsável pela deformidade dos glóbulos vermelhos. Para ser portador da doença, é preciso que o gene alterado seja transmitido pelo pai e pela mãe. Se for transmitido apenas por um dos pais, o filho terá o traço falciforme, que poderá passar para seus descendentes, mas a doença não se manifesta.
Os sintomas são dores fortes provocadas pelo bloqueio do fluxo sanguíneo e pela falta de oxigenação nos tecidos; dores articulares; fadiga intensa; palidez e icterícia; atraso no crescimento; feridas nas pernas; tendência a infecções; cálculos biliares; problemas neurológicos, cardiovasculares, pulmonares e renais, e priapismo.
A eletroforese de hemoglobina é o exame laboratorial específico para o diagnóstico da anemia falciforme, mas a presença da hemoglobina S pode ser detectada pelo teste do pezinho quando a criança nasce.
Não há tratamento específico para a anemia falciforme, uma doença para a qual ainda não se conhece a cura. Os portadores precisam de acompanhamento médico constante (quanto mais cedo começar, melhor o prognóstico) para manter a oxigenação adequada nos tecidos e a hidratação, prevenir infecções e controlar as crises de dor.
A estimativa hoje em Corumbá, conforme Davi Rosário, é que 30 pessoas tenham a doença e outras 100 o traço da anemia. “Ela (Walthenia) lutava para que tivéssemos condições de fazer a busca ativa, para sabermos realmente o número exato de portadores da doença. Isto é preciso pelo fato de que, somente após 2003, foi iniciado o exame do pezinho, que detecta a anemia. Os casos ocorridos antes, nós não sabemos. Só com uma busca ativa”, comentou.