O tapume que cerca o Jardim da Independência em Corumbá, está se transformando em uma grande obra de arte a partir das intervenções de artistas plásticos da região. A intervenção no local foi iniciada em julho e, esta semana, foi a vez de um grupo de alunos do artista plástico Jamil Canavarros, que frequentam o CAPSad (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas), mostrarem um pouco do aprendizado nos painéis que ficam na Rua Frei Mariano, entre a Dom Aquino e Treze de Junho.
Como se sabe, o Jardim da Independência está passando por uma grande obra de requalificação que vai agregar maior conforto, segurança, iluminação, beleza e qualidade de vida a um dos principais monumentos históricos da cidade de Corumbá. As intervenções foram iniciadas em junho e deverão estar concluídas em 2016.
Com as obras, a Prefeitura instalou tapumes em todo o entorno da praça, e só será retirado quando a requalificação for concluída, reservando assim, uma grande surpresa à população.
Por iniciativa da Fundação de Desenvolvimento Urbano e Patrimônio Histórico (Fuphan), em parceria com a Fundação de Cultura de Corumbá e a Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Gerência de Ações para a Juventude), está sendo desenvolvido no local, um projeto Arte Urbana que conta com a participação de grupos de artistas plásticos como o Eterno Arte Crew e Cultura de Rua, além de outros artistas da cidade como Jamil Canavarros, Rubem Dário, Peninha (Marlene Mourão) e Elino.
E as intervenções estão atraindo grupos animados. “Como o Jamil já comanda esse trabalho no CAPSad, resolvemos mostrar um pouco do que os alunos apreenderam lá, valorizando assim a arte e o trabalho realizado, elevando a autoestima desses grandes vencedores”, frisou o gerente da Juventude de Corumbá, Jonathan Franca.
Enquanto o grupo mostrava sua arte, Jamil Canavarros dava detalhes. Segundo ele, na turma, existem pessoas com um grande talento para a pintura, e que só precisam de um apoio. “Tenho alunos com um talento muito grande para caricatura, outros para pintura, e assim cada um vem se destacando pela sua arte. Essa oportunidade é uma maneira que eles tem de mostrar o seu trabalho”, disse Jamil lembrando que o desenho foi escolhido por eles próprios “para lembrar um pouco da história deles e do Pantanal”.
Um dos alunos, Sérgio Ricardo, que está há quatro meses no CAPSad, essa é uma oportunidade de mostrar o que sabe. “É muito gratificante porque é uma atividade onde flui um pouco da nossa arte, mostra um pouco do que fazemos. Eu nunca peguei um pincel e, agora, é uma das aulas que temos que mais esperamos que chegue a sua hora, por ser algo diferente, onde podemos expressar o que sentimos”.
A secretária de Saúde, Dinaci Ranzi, lembrou que quando ela assumiu a pasta, a situação em que o CAPSad se encontrava, era precária. “Não existia a ligação entre os projetos e as unidades. Agora organizamos a rede e temos uma residencial terapêutico onde as pessoas podem ficar lá quando a família não tem mais condições de ficar com eles”, disse.
”No residencial terapêutico eles tem um atendimento com cuidadores 24 horas por dia e com a presença de um médico. Hoje temos uma equipe pequena, mas que tem se desdobrado para atender, e acabamos de conseguir com o hospital, um leito todo adequado para quando tivermos um caso onde a pessoa precise ser internado para desintoxicar”, ressaltou.
Para o subsecretário de Assistência Social e Cidadania, Nilo Corrêa, o projeto está cumprindo o seu objetivo. “Está permitindo mudar o visual na área central da cidade e os artistas ganharam um espaço ao ar livre para mostrar seus trabalhos e, hoje, estamos trazendo à praça, este grupo de pessoas que estão aprendendo uma nova arte, importante para vencer os desafios da vida”, ressaltou.
A diretora-presidente da Fundação de Desenvolvimento Urbano e Patrimônio Histórico, Maria Clara Scardini, explicou que toda a Frei Mariano ficou com tema livre, justamente para que outras instituições trabalhem a sua arte naquele local.
“Para que as pessoas se reconheçam naquelas pinturas, resolvemos separar as ruas por temas. A XV de Novembro ficou com o tema do Pantanal; a Dom Aquino com Patrimônio Imaterial; a 13 de Junho com Patrimônio Material, e a Frei com o tema livre”, comentou. “E nós já tivemos a procura de artistas de fora querendo expor a sua arte ali”, revelou.
Maria Clara disse ainda que “todo o trabalho de arte é um trabalho de inclusão, por isso a ideia em levar esses nossos artistas do CAPSad. Além deles vamos abrir para as escolas e também tivemos o pedido da Ovisa, que é o movimentos de casais da igreja católica, que querem divulgar a sua arte lá. Aliás, quem desejar fazer o mesmo, é só procurar a gerência da juventude para ver a disponibilidade de espaço”, concluiu.