Bebê socorrido pelo Povo das Águas vai precisar de leite específico

Bebê atendido pela equipe médica do Programa Social Povo das Águas com quadro de desnutrição e desidratação permanece internado na Santa Casa. O menino, que está acompanhado dos pais, já apresentou ganho de peso e está com aparência bem melhor, conforme informações da médica Clélia Magalhães dos Santos, que prestou o primeiro atendimento no programa social. No entanto, conforme o pediatra da Santa Casa, ele só será liberado quando alcançar os 3,5 quilos. Atualmente, o bebê está com 3,1 quilos.

 

De acordo com Clélia Magalhães, o bebê estava na fila para consulta na região do Paraguai Mirim, no Porto Ilha Verde, quando a médica percebeu algo errado com a criança. “Eu vi ele muito branquinho e estava também muito magrinho. Conversei com a mãe e ela me disse que a criança estava com 47 dias de vida e nasceu depois da data limite do parto, que é de 42 semanas. Quando fui examinar o bebê, constatei que estava desidratado, desnutrido e com anemia, além de uma dermatose no corpo inteiro, com descamação, e choro sem lágrimas”, relatou.

 

Segundo a médica, os pais acreditavam que o filho estava bem de saúde e a mãe não imaginava que poderia estar desnutrido, já que, segundo a mãe, a criança mamava o dia inteiro. “Ela dizia que a criança sentia muito frio, então, em um calor de 40 graus, ela aquecia demais o bebê, levando à desidratação. Não foi displicência da mãe porque realmente ela pensava que a criança estava normal. O pai também ficou super preocupado com o diagnóstico e quando dissemos que teríamos que transferir a criança”. O bebê apresentava quase um quilo a menos do peso com o qual ele nasceu.

 

O Povo das Águas acionou a equipe do 3º Grupamento de Bombeiros Militar para encaminhar o bebê à Santa Casa. A equipe militar chegou na manhã seguinte para levar a criança e os pais ao hospital de Corumbá. O atendimento do programa social aconteceu na tarde do dia 17 de outubro e no dia 18 o bebê já estava sob cuidados médicos na Santa Casa. “A única coisa que a criança precisava era de comida”, afirmou a médica que pela primeira vez havia participado da ação social.

 

“Percebi que as pessoas naquela região realmente têm carência de tudo, não só de saúde, mas de outros setores como a parte jurídica, assistencial, transporte. Eles realmente nos esperam chegar. Quando a gente chega aos portos, eles já estão nos aguardando ou correm para nos receber ao avistar a embarcação”, afirmou Clélia.

 

“Por mais que demore alguns meses para chegarmos a cada localidade, a gente percebe que eles estão sempre bem de saúde, quase não há casos de urgência. Aqui na cidade existe toda a estrutura para chegarmos rapidamente ao médico. Às vezes, os pacientes aqui não querem esperar nem dez minutos para serem atendidos. O que fico triste é que muitas pessoas reclamam muito com tudo nas mãos”, disse a médica.

 

Conforme Elisama de Freitas Cabalhero, coordenadora do Programa Social Povo das Águas, o bebê vai necessitar tomar leite específico para crescimento e nutrição. O médico solicitou também avaliação psicossocial da mãe do bebê. De acordo com a prescrição médica, será necessário o uso do NAN 1, cuja lata de 800 gramas está por cerca de R$ 63,00 no mercado corumbaense. Serão necessárias em média 40 latas. A Secretaria Municipal de Saúde junto com a Defensoria Pública está tentando viabilizar, por meios legais, a aquisição do leite. 

 

*Povo das Águas resgata casal em situação análoga à escravidão

Skip to content