Banho de São João de Corumbá é reconhecido como Patrimônio Imaterial do Brasil

Conquista almejada por mais de 10 anos pelos municípios de Corumbá e Ladário, o registro do Banho de São João como Patrimônio Imaterial do Brasil chegou na tarde desta quarta-feira, 19 de maio, durante a 95ª Reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

A expectativa era grande por toda classe cultural do município, principalmente, pelos protagonistas dessa singular manifestação popular, os festeiros de São João,  que, durante séculos, em forma de herança entre gerações, perpetuam a tradição de comemorar o santo junino com o batismo nas águas do rio Paraguai.

O pedido inicial foi realizado em 2010 pela Prefeitura Municipal de Corumbá, por meio da então Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal, e a partir daí uma série de estudos, pesquisas, festejos, interações, entrevistas, coleta de materiais e cooperação geral, envolvendo o próprio Iphan, Prefeitura Municipal de Corumbá, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Conselho Municipal de Políticas Culturais, entre outros.

Equipe da Prefeitura acompanhou 95ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural no Paço Municipal (Fotos: Renê Marcio Carneiro)

“É um momento muito especial para toda nossa cidade, para todo povo corumbaense. Fico muito feliz por esse reconhecimento nacional, principalmente porque sabemos da grande importância do banho de São João, não só para a economia da região, mas principalmente para a fé dos nossos festeiros”, afirmou o prefeito Marcelo Iunes.

O secretário de Governo, Eduardo Iunes, assistiu a 95ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural juntamente com o diretor-presidente da Fundação de Cultura e do Patrimônio Histórico de Corumbá, Joilson da Silva Cruz, e dos servidores Sandro Asseff, José Antônio Garcia (Tanabi), Joanita Ametlla, José Carlos Macena de Britto Júnior e Marcelle Saboya.

“Estamos muito felizes por esse reconhecimento pelo Iphan Nacional. Agradecemos todos os cidadãos e aos festeiros, em especial, pelo momento impar. Embora estejamos passando por esse momento de pandemia, essa valorização ameniza um pouco a tristeza de não poder realizar a festa. E assim que pudermos, com certeza será mais uma motivação para que ela aconteça de forma especial”, destacou Eduardo Iunes.

“O Banho de São João em Corumbá e Ladário passam agora a configurar ao lado de outras importantes manifestações do país a exemplo do Círio de Nazaré, o São João de Campina Grande, como representação significativa do país, o que enaltece mais ainda o papel da tradição cultural popular de nossa região”, comentou o diretor-presidente da Fundação da Cultura e do patrimônio Histórico de Corumbá, Joílson Silva da Cruz, logo após o anúncio.

Com a aprovação do registro, o estado de Mato Grosso do Sul passa a ter um bem imaterial exclusivamente registrado em seu território, já que no registro do Modo de Fazer a Viola-de-Cocho é compartilhado com o estado de Mato Grosso.

A relatora do parecer técnico referente ao pedido do registro, professora doutora, Cecília Londres, que visitou em 2019, as cidades de Corumbá e Ladário, refez a trajetória de todo processo para o registro desde 2010 e destacou o excelente trabalho de coleta de relatos dos festeiros realizado na parceria entre o IPHAN e UFMS.

Somente em Corumbá, atualmente, pelo cadastro da Fundação da Cultura do Patrimônio Histórico há pelo menos quase cem festeiros no território urbano. Com a pandemia, este ano, lançou-se um edital para os festeiros entregarem um registro audiovisual sobre a trajetória de suas comunidades para compor o acervo da Fundação da Cultura e do Patrimônio Histórico.

Os primeiros registros do Banho de São João em Corumbá e Ladário são datados do final do século XIX em jornais da época que já relatavam a forma singular dos festejos juninos nas duas cidades pantaneiras.  Estudiosos afirmam que os festejos reúnem uma miscelânea de influências de povos, entre eles, os árabes e portugueses. Também marcam os festejos, o sincretismo religioso, sobretudo entre o catolicismo e as religiões de matrizes africanas.

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