Os 149 anos da Retomada de Corumbá, um dos episódios mais importantes da Guerra do Paraguai, foram celebrados nesta segunda-feira, 13 de junho, na praça Generoso Ponce. O ato foi coordenado pela Prefeitura, 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira e contou com a participação do 6º Distrito Naval.
“Foi uma bela cerimonia militar, mas que acima de tudo é uma comemoração de todo povo corumbaense”, afirmou o prefeito de Corumbá, Paulo Duarte, que voltou a defender a manutenção da Brigada Ricardo Franco na cidade. Nesse domingo, 12, a unidade militar completou 70 anos de fundação.
“Expressei mais uma vez minha indignação, mas não apenas indignação, estamos tomando atitudes concretas. Nesta semana já liguei para alguns senadores, deputados e estamos tentando marcar uma audiência com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e mostrei claramente que a cidade não admite essa atitude”, continuou o prefeito.
“Essa decisão foi tomada de forma equivocada e não se justifica, primeiro por descumprir um acordo feito a cerca de um ano com a Prefeitura de Corumbá para a construção de uma nova sede. Depois somos surpreendidos por uma portaria feita de forma lacônica, sem maiores explicações, atribuindo a eventual crise econômica a desativação da Brigada”, prosseguiu.
“Tenho certeza que essa luta é de todos nós e tenho certeza que vamos reverter essa decisão. Vamos fazer todos os protestos além de tomar todas as atitudes possíveis porque não aceitamos e não permitimos essa desativação. Pelo contrário, precisa crescer a presença das Forças Armadas nas regiões de fronteira”, completou Paulo Duarte.
O contra-almirante Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar, oficial general mais antigo na ativa na região, fez um paralelo da Batalha Naval do Riachuelo, comemorada em 11 de junho de 1864, com a Retomada de Corumbá.
“Em 1864 derrotamos a esquadra paraguaia e com isso, àquela ocasião, causou um problema muito sério logístico àquele País. Naquela época a comunicação, mais que nunca, era feita pelo rio Paraguai. 13 de junho de 1867, três anos depois, nós hoje estamos alegres por pisarmos em terras brasileiras. Naquela ocasião não eram. Deveriam ser, mas não eram”, destacou.
“Naquela ocasião nós não trabalhávamos juntos. Cada um fazia o seu. Hoje, 13 de junho de 2016, a partir da zero hora, começamos a fazer a operação Ágata. E bem diferente de 150 anos atrás, porque estamos todos juntos. Essa operação é desencadeada pelo Ministério da Defesa onde as três forças armadas estão envolvidas. E mais do que as Forças Armadas, os órgãos de Segurança Pública de um modo geral”, prosseguiu o contra-almirante.
O comandante do 6º Distrito Naval também chamou a atenção para discussão sobre a segurança nacional. “Hoje percebemos que pela defesa dos interesses brasileiros, nós não podemos fazer mais nada sozinhos. Esse é o primeiro ponto. A segunda questão é da defesa. Há 150 anos, o mundo era um mundo. Hoje o mundo é outro e precisamos discutir defesa. Temos que começar a discutir defesa também aqui na cidade de Corumbá e Ladário. Há 150 anos atrás, o Brasil não estava pronto para aquele conflito. 150 anos depois, nos também não estamos prontos para lidar com as ameaças possíveis que vivemos”.
“O mundo é poroso, mudou muito, mas alguns atores continuam existindo e outras ameaças apareceram. Hoje aqui na nossa região vivemos eternamente preocupados com o tráfico de material ilícito, o tráfico de pessoas e o contrabando. Essa é a ameaça hoje em dia aqui dessa região”, continuou o contra-almirante, que finalizou seu discurso destacando a importância do 13 de junho.
“Gostaria como oficial general mais antigo da ativa aqui da região, parabenizar não só as prefeituras, como também o povo corumbaense. Essa é uma data importantíssima e que não podemos deixar de comemorar, porque traz pensamentos importantes para desenvolver determinada área de nosso País”, finalizou.
A solenidade contou ainda com a presença do general João Denison Maia Correia, comandante da 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira, do prefeito de Ladário, José Antônio Assad e Faria, da trineta do herói Antônio Maria Coelho, Ernestina Coelho Pauliquevis, e da pentaneta do militar que comandou a Retomada de Corumbá, Patrícia Cristina Almeida Coelho.