Rua Cuiabá esquina com a rua XV de Novembro, nº 1181, Centro – Corumbá-MS. Esse é o endereço do prédio que está sendo revitalizado pela Prefeitura Municipal de Corumbá, num trabalho conjunto da Fundação de Cultura e Fundação de Desenvolvimento Urbano e Patrimônio Histórico (FUPHAN). A construção de estilo eclético é datada de 1940 e pertenceu a um dos mais ilustres corumbaenses, o Dr. Gabriel Vandoni de Barros.
Falecido em 1988, além de sua atuação no Direito cuja formação acadêmica deu-se na Faculdade de São Paulo, ele administrou fazendas da família, vivenciou a vida política como deputado constituinte e não manteve-se longe da sua paixão: as Letras e as Artes em geral. Ele ainda desempenhou a função de jornalista e escritor, algo que se concretizou na biblioteca, um dos espaços mais incríveis dentro da casa que a Prefeitura de Corumbá está restaurando com a ajuda de parceiros privados.
Com a gestão do prefeito Paulo Duarte, o processo de desapropriação da Casa do Dr. Gabi, como é popularmente conhecido o local, foi concluído e, após essa etapa, uma limpeza pesada foi feita nas dependências do prédio que se encontrava fechado há décadas, acumulando muita sujeira e resíduos, tanto na parte externa como na interna, onde muitos móveis, objetos de uso pessoal, peças de decoração e obras de arte iam se deteriorando.
“A Prefeitura se movimentou para ir atrás dos recursos, de parcerias com a iniciativa privada desde outubro e estamos, hoje, em vias de entregar esse espaço. Conseguimos parceiros que ajudaram com serviços e materiais como tintas, recuperação de portas, janelas e grades”, disse Joílson Cruz, diretor-presidente da Fundação de Cultura, pasta que deve administrar a gestão da casa assim que devolvido à população.
“É uma marca da nossa gestão, do prefeito Paulo (Duarte), a recuperação do nosso patrimônio histórico. Nosso trabalho é em parceria com a iniciativa privada, só com os recursos próprios não conseguiríamos fazer o restauro dessa casa, tanto é que está sendo devagarinho justamente por isso. Na intenção de fazer uma casa de memória do Dr. Gabi e abrigar a Fundação de Cultura. Vai ser mais um prédio que vamos devolver para a população corumbaense usufruir”, afirmou a diretora-presidente da Fundação da FUPHAN, Maria Clara Scardini.
Entre empresas e pessoas físicas que estão ajudando em todo esse processo de revitalização estão: Malo Alimentação e Serviços Ltda; JM Neiva; Santana Tintas; Maria Lúcia Calábria Rocha – Morocha; Restaurante Rodeio; vereador Luciano Costa; EletroCorumbá Edificações; Dr. Ulisses Medeiros; Dr. Nabil Omar; empresário Luís Martins; além de pessoas ligadas à Administração Municipal.
Dom Quixote do Pantanal
A partir de fotos e negativos de imagens encontradas dentro da própria casa, a Prefeitura buscará manter os móveis, demais objetos e obras de arte conforme a época que era habitada pelo Dr. Gabi. A FUPHAN fez um estudo de cores também como intuito de devolver o prédio mais perto do original de forma que ainda evidencie todo mobiliário e peças de arte.
Segundo Maria Clara e Joílson, não está descartada a possibilidade dos títulos que compunham a biblioteca do Dr. Gabriel Vandoni, hoje pertencentes à Biblioteca Municipal Lobivar Matos, retornarem para a biblioteca existente na casa, local de origem das obras antes de serem doadas ao Estado que, em 2013, às repassou ao Município.
Por vários cômodos da casa, a paixão de Dr. Gabi por um dos mais emblemáticos personagens da Literatura Mundial, Dom Quixote de la Mancha, se faz presente, seja em esculturas, em dizeres entalhados nas paredes e quadros, em frequência semelhante que objetos de mesma natureza estampam São Francisco de Assis, aquele que parece ser seu santo de devoção.
Os moveis talhados com muitos detalhes fazem de cada peça uma obra de arte que dividem espaços com esculturas de Maria Gattas, telas de Jorapimo e Hebe Lacerda para se ter uma ideia da preciosidade que a casa guarda em termos da arte local.
As portas da Casa da Memória de Dr. Gabi devem se abrir para visitação até final deste mês, quando a Prefeitura Municipal pretender reinaugurá-la como espaço público.
Trabalho minuciosa para manter a originalidade (Foto: Clovis Neto)