Alunos visitam prédio histórico e se encantam com riquezas da cidade onde vivem

“Conhecer para preservar” é o tema da palestra que precedeu a visita guiada ao Hotel Galileo, um dos prédios mais imponentes da arquitetura histórica de Corumbá e que foi revitalizado na gestão do prefeito Paulo Duarte com recursos municipais. O local que, hoje, abriga da FUHPAN (Fundação de Desenvolvimento Urbano e Patrimônio Histórico) se destaca na esquina da rua Frei Mariano com a avenida General Rondon atraindo olhares de visitantes e de quem aqui mora por sua beleza, porém o cenário não era esse tempo atrás como explicou o prefeito que “invadiu” a palestra destinada aos alunos da escola municipal Tilma Fernandes.

 

“Esse espaço como outros da cidade estava se acabando. Quando um espaço desse aqui se acaba, termina com a história. O patrimônio histórico material é essa coisa de cimento, mas dentro dele há muita história, que é o que interessa, o que importa. As duas principais praças da cidade estão interditadas para a revitalização com um dinheiro que a Prefeitura conseguiu com o Governo Federal especificamente para isso, para recuperar espaços históricos. Precisamos que vocês conheçam para ajudar a cuidar e preservar isso, saberem que o que temos é muito bonito, mas precisamos cuidar, todo mundo tem que cuidar da cidade”, disse aos estudantes.

 

E foi justamente isso que os alunos ouviram durante toda a palestra ministrada pela arquiteta Ana Paula Badari e pela historiadora Ramona Oriz, ambas funcionárias do quadro da FUHPAN. Elas trouxeram os conceitos de cultura e patrimônio, bem como suas classificações: cultura erudita e popular, patrimônio material e imaterial. Porém mais do que conceitos, a palestra plantou o sentimento de pertencimento tão importante para a preservação apregoada.

 

“A cidade toda está pincelada com o patrimônio material, então a gente pede que vocês tenham esse olhar mais curioso porque há muita coisa interessante. Se a gente não cria esse valor pelo passado, não conseguimos construir o futuro para novas gerações. A gente só gosta de algo que conhecemos e conhecendo passamos a preservar”, disse Badari.

 

A palestra juntamente com a visita guiada integra a programação festiva dos 237 anos de fundação de Corumbá, porém acontecerá ao longo do ano com alunos de diversas unidades escolares da cidade, conforme lembrou a primeira-dama e diretora-presidente da FUHPAN, Maria Clara Scardini. Ela ficou satisfeita com o interesse dos estudantes para os quais falou sobre a importância de se equalizar o olhar sobre a cidade.

 

 “Corumbá é um cidade diferente dentro de Mato Grosso do Sul. A diferença está em sua história que é muito rica e isso tudo pertence a vocês. Para quando vocês verem um prédio antigo não pensarem que é velharia, mas sim ali está materializada a história, a cultura”, ensinou Scardini.

 

Com as informações repassadas pela equipe da FUHPAN, os estudantes puderam compreender o que é área tombada, área de entorno e a Zona de Especial Interesse Cultura. Elas integram mecanismos de proteção legal a prédios e regiões da cidade cujo valor histórico é extremamente relevante para o município e possivelmente demais esferas em nível Estadual e Federal.

 

Também puderam compreender que o patrimônio reside na forma de viver e costumes de cada povo, incluindo a culinária, as festas e a forma de cultuar o divino, por exemplo. Nesse tema, destacou-se o modo de fazer da viola-de-cocho, instrumento de corda artesanal típico do Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que foi tombado em nível nacional no ano de 2006.

 

Durante a palestra, os estudantes ainda descobriram que Corumbá ocupa lugar de destaque quando o assunto é patrimônio ecológico, já que a cidade é considerada o maior sítio arqueológico do Centro-Oeste, de onde se destaca a primeira forma de vida vertebrada, a Corumbella werneri, que recebeu esse nome científico em homenagem à cidade pantaneira onde foi descoberta. Estudos apontam que os fósseis encontrados em Corumbá remetem que esse a essa forma de vida rudimentar habitou essa região cerca de 560 milhões de anos atrás.

 

Para a professora de História e Geografia, Patrícia Helena de Jesus Fontoura, oportunidades como a oferecida pela Prefeitura de Corumbá, por meio da FUHPAN, levam o aluno a desenvolver uma postura de cidadão orgulhoso e consciente daquilo que o torna singular no mundo: sua cultura e história.

 

“Ajuda muito porque estamos numa região histórica no Porto Geral e estamos desenvolvendo um projeto bem bacana na escola sobre a cultura de Corumbá. Não é apenas a história dos heróis, mas saber como esses prédios foram construídos porque ensinam de forma que o aluno sinta a presença e faça parte desta história”, avaliou a professora.

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