CRAM muda vidas de mulheres fragilizadas pela violência doméstica

Mantido com recursos da Prefeitura Municipal de Corumbá, o CRAM (Centro de Atendimento à Mulher em Situação de Fronteira de Corumbá) realizou no último ano mais de três mil atendimentos. Atualmente, o local, que se tornou referência para mulheres vítimas de violência, atende 35 delas com acompanhamento psicológico, visitas às residência e demais formas de atendimento que visa restabelecer tudo aquilo que a violência lhes retira.

 

Com uma equipe multidisciplinar e parceiros como a Delegacia da Mulher e Defensoria Pública, o CRAM, hoje, funciona em um espaço mais amplo, que possibilitou a eficiência de trabalhos primordiais para a recuperação da mulher violentada. Uma sala para atendimento psicológico individual garante privacidade no momento quando elas desabafam seus medos, inseguranças a angústias à equipe profissional do CRAM.

 

Já em outro espaço, acontecem momentos de interação entre as mulheres assistidas com rodas de conversa como a que foi realizada na tarde desta quinta-feira, 05 de março, quando o prefeito de Corumbá, Paulo Duarte, compareceu ao local.

 

“Só de estarem aqui são mulheres de verdade, corajosas como a mulher é, muito mais corajosa que um monte de marmanjo que tem por aí porque tem coragem de vir aqui e expor seus problemas, acreditar nessas pessoas que gostam do que fazem e querem ajudar vocês”, disse o chefe do Executivo que também ouviu histórias como a de Priscila (nome fictício).

 

Ela contou que se casou com um homem que a batia pois achava que assim ele terminaria com as agressões, situação que só aumentou, segundo ela, com o passar do tempo. “Ele chegava bêbado e drogado em casa e me batia muito até que um dia sai pela rua e ele me seguiu surrando. Foi quando dois homens me socorreram, me colocaram dentro de um carro rumo á delegacia e o impediram de me seguir. Eu era outra mulher naquela época, não me amava, estava acabada. Quem me vê hoje nem acredita. Hoje, eu gosto mais de mim”, declarou.

 

De acordo com Roseene do Espírito Santo Mauro, coordenadora do CRAM, a história de vida de Priscila é um exemplo do que o trabalho do Centro pode fazer por mulheres que, ainda em pleno século XXI, sofrem com a violência dentro de seus lares.

 

“Às vezes ela tem essa dependência emocional. Elas chegam bem fragilizadas, mas depois de todo atendimento, elas saem com bastante autoestima, empoderadas, sabendo realmente o que elas estão querendo naquele momento”, disse a coordenadora, que é psicóloga, e avaliou que, hoje, a rede de proteção à mulher é eficaz dentro do município.

 

Cuidar das pessoas

 

Numa conversa bastante franca com as mulheres atendidas pelo CRAM, o prefeito Paulo Duarte ouviu histórias comoventes e também aproveitou para informar que a Prefeitura já planeja a melhoria no serviço prestado pelo Centro ao ter um projeto de expansão. Ele fez questão ainda de deixar uma fala de otimismo às mulheres presentes.

 

“Isso não é egoísmo: cuidem primeiramente de vocês para poderem fazer o bem e ajudarem as pessoas. Se você não gostar de você, não vai gostar de ninguém. Espero que esse espírito de reflexão sobre a condição de gênero, igualdade e respeito se perpetuem ao longo do ano”, disse ao se referir às comemorações da Semana da Mulher e continuou.

 

“O século XXI não permite que o homem tenha comportamento de animal. Homem que bate e oprime é covarde. Homem de verdade chora é sensível e respeita a mulher”, falou sem se esquecer de dirigir palavras também à equipe do CRAM.

 

“Muitas vezes, o trabalho aqui na Assistência Social não tem tanta visibilidade quanto uma obra que executamos pela cidade, mas o que vocês fazem pelas pessoas é algo muito, mas muito importante. Antes, a visão de um Governo bom era aquele que faz obras, cuidava somente do espaço físico, hoje, como diz o lema da nossa Administração, é preciso cuidar bem da cidade e cuidar bem das pessoas”, concluiu.

 

O CRAM está localizado na rua Major Gama, 612, entre as ruas Dom Aquino e 13 de Junho, no Centro e está aberto para atendimento de segundas à sextas-feiras, das 07h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30. O telefone é (67) 3907-5479.

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