A onça, que vinha sendo monitorada na região de Forte Junqueira, em Corumbá, foi capturada na tarde desta última terça-feira, 02 de setembro, e solta em uma área distante da zona urbana, na manhã deste dia 03. Desde o momento quando o felino caiu na armadilha, onde um pedaço de coração bovino o atraiu para o interior dela, até a soltura, foram 12 horas de trabalho ininterrupto.
O animal vinha sendo monitorado por armadilhas fotográficas e filmagens desde o dia 07 de agosto. Por muitas vezes, a equipe chegou perto da captura, mas a desconfiança do felino fez com que muitas vezes ele se aproximasse da armadilha, porém não entrasse na estrutura.
“Essas imagens coletadas serão objeto de estudo e vamos inserir em nossos cursos, para mostrar como o animal se comporta. O monitoramento nos ajudou muito, porque foi possível estudarmos o jeito do animal se movimentar, se alimentar para conseguirmos chegar à captura”, afirmou o tenente-coronel Braga, comandante da Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul.
Como a onça apresentava bom estado de saúde e não possuía nenhuma lesão, a soltura foi realizada de forma imediata. Veterinários da Embrapa Pantanal e do Instituto do Homem Pantaneiro sedaram o felino para promover o transporte até área mais adentro do Pantanal que não foi atingida pela cheia e poderá propiciar condições necessárias para o bem-estar do animal. Por precaução, a equipe não divulgou qual área foi a escolhida, porém afirmou se tratar do município de Corumbá, mas distante da zona urbana. A decisão surgiu do consenso entre os especialistas.
Com a captura da onça em Forte Junqueira, os esforços da equipe agora se concentram na região da Cacimba da Saúde, no bairro Cervejaria, localidade onde há relatos de aparições do felino e já foram montadas armadilhas.
“Nossa preocupação maior era com Forte Junqueira, pois a gruta onde o animal se refugiava ficava distante cerca de 100 metros de residências instaladas ali, então o risco à população era grande”, explicou o major Pádua, comandante da 2ª Cia da PMA em Corumbá.
Trabalho continua
A equipe ressaltou que a onça não possuía sinais de prenhez ou de estar com filhotes, entretanto durante os próximos dias, a região onde foi capturada irá receber a visita de integrantes do Comitê para fazer o trabalho de “rescaldo”, a fim de destacar a possível presença de outros animais da mesma espécie.
Ele comentou ainda que é provável que a onça capturada seja a mesma que apareceu na região da Sobramil, pois, nos últimos dias, não tem se constatado sinais do felino naquela área como carcaças de animais predados, porém o monitoramente continua.
A diretora-presidente da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, órgão ligada à Prefeitura Municipal de Corumbá, ressaltou a importância do trabalho conjunto e reforçou o apoio do Executivo nesse trabalho de preservação da fauna pantaneira.
“Essa união acaba nos trazendo resultados positivos. Existe ainda uma necessidade de darmos continuidade a todas essas ações de capacitação e o que a Prefeitura puder fazer para ajudar todos os órgãos envolvidos irá fazer. A Prefeitura está aqui para somar, equipar, o próprio Ministério Público já destinou fundo para o Fundo Municipal de Meio Ambiente para a compra de alguns equipamentos (dardos, tranqüilizantes, etc) e possibilitar o auxílio durante todas as ações que forem necessárias”, afirmou.
Na semana passada, a Fundação de Meio Ambiente, juntamente com equipes do Prevfogo, iniciou um trabalho de orientação à população sobre como reagir em caso de um contato com o felino. O trabalho começou pelo bairro Cervejaria e dentre as orientações traz:
- Nunca se aproxime da onça. Não tente tirar fotos ou filmar;
- Nunca vire as costas e saia correndo. A onça pode te confundir com uma presa;
- Não atire pedras e outros objetos na onça;
- Não grite com a onça;
- Não tente espantar ou capturar o animal;
- A onça é um animal mais ativo logo após o pôr do Sol até as primeiras horas do amanhecer, então evite permanecer próximo aos locais de avistamento, nesses horários, principalmente com crianças;
- Nunca mate uma onça. Isto é crime ambiental e pode dar cadeira e multa.
- Ligue imediatamente para o Corpo de Bombeiros (193) ou Polícia Militar Ambiental (3231-5201).