Município lança projeto de monitoramento da Cota Zero do Dourado

Na mesma cerimônia que sancionou a lei que restringe a pesca do dourado, o prefeito Ruiter Cunha de Oliveira lançou o Projeto de Monitoramento da Cota Zero do Dourado na noite da quarta-feira, 14 de junho. A iniciativa, voluntária da Prefeitura de Corumbá, é constituída por um conjunto de ações que tem como objetivos a manutenção dos estoques da espécie; a mudança de atitude de pescadores; ribeirinhos e empresários; a geração de trabalho e renda e a sua replicabilidade.

 

“Esse projeto vai ao encontro do proposto pela lei do dourado. Faz com que, ao mesmo tempo que se conserva e preserva, você tenha a possibilidade de estudo científico do peixe. Mas, acima de tudo, dá a possibilidade de destinar renda para quem precisa, que são justamente o pescador profissional e a população ribeirinha. Vai permitir, quando começarem etiquetar a espécie e capturar esses peixes etiquetados, que tenham um recurso por isso.  Vão ser [pescador profissional e ribeirinhos], junto conosco, os principais defensores desse ecosistema”, afirmou o chefe do Executivo corumbaense.

 

Ruiter explicou ainda que o projeto também visa qualificar e implementar políticas públicas a partir dos resultados obtidos, visando minimizar os efeitos negativos da pesca esportiva sobre os estoques pesqueiros do dourado, no município de Corumbá, num período mínimo de oito anos.

 

O Projeto Dourado vai monitorar a atividade da  pesca esportiva da espécie em sua modalidade pesque-e-solte em Corumbá, através da  estimativa e avaliação de uma série de dados a serem obtidas de 2017 a 2020, que possibilitarão estimar a abundância desse tipo de peixe no rio Paraguai e seus tributários, utilizando-se modelos estatísticos lineares generalizados (GLM). Nesse contexto, os resultados poderão ser empregados para um manejo pesqueiro mais eficaz e utilizados nas próximas avaliações de estoques da espécie.

 

A iniciativa do Executivo Municipal busca promover o desenvolvimento sustentável da pesca esportiva no município, como fonte de emprego, renda e lazer, em harmonia com a preservação e conservação do meio ambiente e da sua biodiversidade.

 

Almeja ainda a promoção da pesca esportiva da cidade, no cenário nacional e internacional, como instrumento que contribui para a preservação, conservação e a recuperação dos estoques pesqueiros e dos ecossistemas aquáticos; além de permitir que seja promovida a atividade da pesca esportiva local em harmonia com a cultura, o desenvolvimento socioeconômico do municipio e incentivar a articulação entre o poder público e a cadeia produtiva da pesca esportiva, no planejamento e execução de programas e projetos.

 

Também são propósitos estimular a inovação e o dinamismo do setor produtivo da pesca esportiva no municipio e fomentar a geração de conhecimento necessário ao ordenamento eficaz da pesca esportiva, apoiando pesquisas e ações relacionadas com a atividade da pesca esportiva no município.

 

Marcação e recaptura do dourado

 

Em linhas gerais, o projeto faz a marcação e recaptura do dourado, com a utilização de uma pequena etiqueta (TAG) tubular que é fixada no corpo do animal (invasivo), que contém um número de série e um número de telefone de contato. É uma das técnicas que têm sido utilizadas nos estudos de parâmetros populacionais de peixes a fim de estimar a densidade e abundância de uma espécie taxas de crescimento e sobrevivência. Este método também tem sido utilizado nos estudos da história natural de espécies migradoras, abordando aspectos como preferência de hábitat, área de vida, padrões de movimentos e território de forrageamento.

 

O pesquisador Thomaz Liparelli, que apresentou o Projeto Dourado, esclareceu que o pesque-e-solte é atividade habitual dos praticantes da pesca esportiva e quando associada a marcação e recaptura tem possibilitado estudos em relação à distribuição, abundância e biologia das espécies capturadas.

 

Associar a pesca esportiva e a marcação e recaptura do dourado é algo inédito, o que faz o município de Corumbá ser pioneiro nestes estudos e a iniciativa da Prefeitura ser algo inédito na gestão dos recursos pesqueiros. 

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