Corumbá terá todas as terças-feiras, a Feira de Produtos de Transição Agroecológica que foi lançada na manhã de ontem no Campus Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). A realização é resultado de um projeto desenvolvido pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares do Pantanal e da Fronteira (ITCPPF) do Campus Pantanal (CPAN), em parceria com a Prefeitura de Corumbá, Embrapa Pantanal, Sebrae-MS e Prefeitura de Ladário.
O diretor do CPAN, professor Edgar Aparecido da Costa, no lançamento lembrou que o projeto só foi capaz graças ao apoio dos parceiros que permitiram mostrar aos agricultores que o sonho da produção é possível.
“Desde 2010 a gente vem arquitetando todos os passos para que eles pudessem caminhar sozinhos. Primeiro ensinando eles a produzirem, depois a venderem, a pensar na propriedade deles como um negócio”, explicou. “Hoje a gente está vendo aqui o resultado das nossas pesquisas. Nós resolvemos inverter e trouxemos eles para dentro da universidade para vender o seu produto e continuarmos a nossa pesquisa”, continuou.
Edgar ainda lembra que tudo começou no assentamento 72 em Ladário. “Primeiro testamos no 72. Ficamos três anos realizando o teste lá. Agora que vimos que dá certo, estamos levando para outros assentamentos como o Taquaral”, ressaltou, salientando que 28 produtores já estão cadastrados para apresentar seus produtos nas feiras que acontecerão durante o ano.
A vice-prefeita Márcia Rolon tem acompanhado este trabalho e disse que o projeto é voltado também para aquelas pessoas que pensam onde comprar alimentos confiáveis produzidos na própria região.
“Fico muito feliz pela vitória dessas pessoas e também pela população que agora pode comprar algo saudável. Nossa ideia é fomentar os nossos produtores”, salientou. “Agora as pessoas já sabem que todas as terças tem feira aqui na UFMS na entrada da biblioteca”, completou.
Os produtores passaram por uma série de cursos de capacitação em hortas, agroecologia, associativismo, organização do lote como negócio, fortalecimento do cooperativismo, produção de caldas agroecológicas para controle das pragas, dentre outros.
Maria Aparecida Leite da Silva, uma das participantes do projeto, disse que antes não sabia como comercializar a sua produção. “A gente produzia para consumo próprio, para nossos familiares e alguns vizinhos que iam lá em casa e pegavam porque sabiam que a gente dava. Agora não, aprendemos a manejar o nosso negócio e já começamos a ganhar algum dinheiro vendendo os nossos produtos na feira de Ladário e agora aqui, ampliando o nosso campo de venda”.
Armin Neh, apicultor do Assentamento Taquaral, já vem se especializando em vários setores e nos contatos com o professor Edgar, viu uma oportunidade em vender seus produtos.
“Agora estamos aumentando a nossa produção de mel e acabei fazendo algumas receitas de família como a linzertorte, uma torta alemã, além da produção de linguiça caseira, ovos, pão doce, geleias de frutas típicas, ou seja, agora sabemos como aproveitar tudo que temos em nossa casa”, comentou.
A estudante Leila Gomes da Cruz, tomou conhecimento da feira e visitou o espaço. “Eu sou meio suspeita para falar, pois amo tudo que vem da roça, tudo que é natural. Então essa feira já vai fazer parte da minha vida a partir de agora”.
A feira acontecerá todas as terças-feiras no Campus Pantanal até dezembro de 2016, e segue um cronograma estabelecido pelo projeto de extensão coordenado pelo professor Edgar Aparecido da Costa. É resultado do trabalho de pesquisadores da UFMS e da Embrapa Pantanal, em parceria com o Sebrae-MS que desde 2010 vêm implementando a produção de hortaliças sem utilização de veneno no assentamento 72, em Ladário.