Novas coreografias do Siriri estão sendo preparadas pela Oficina de Dança do Pantanal e serão apresentadas durante o Arraial do Banho de São João. Os ensaios estão ocorrendo na sede da instituição mantida pela Prefeitura, por meio da Fundação de Cultura de Corumbá, e conta com a participação dos mestres cururueiros Vitalino e Martinho.
Siriri é uma dança folclórica da região e faz parte de uma das festas mais tradicionais da cidade, o Banho de São João. Lembra as brincadeiras indígenas com ritmo e expressão hispano-lusitana. A música fala das coisas da vida de forma simples e alegre.
O coordenador da Oficina de Dança, Joilson Silva da Cruz, está otimista com o trabalho que está sendo desenvolvido, principalmente com a mudança no repertório já que há mais de 10 anos não acontecia nenhuma mudança.
“Nesse ano a gente vai inovar, porque são novas cantigas e novas danças também. É muito importante fazer essa mudança porque precisamos cada vez mais estar resgatando a nossa cultura e, agora, com esses jovens na nossa equipe, será melhor para que, cada vez mais, possamos divulgar a nossa cultura”, comenta, lembrando ainda que é “muito importante essa mudança no repertório e a presença dos cururueiros aqui, para maior conhecimento do grupo”.
A diretora-presidente da Fundação de Cultura, Márcia Rolon, afirma que há muito tempo vem tentado fazer essas mudanças, e que somente agora os cururueiros estão com novas cantigas.
“Há anos que todo mundo canta ‘Marrequinha na lagoa, tuiuiú no Pantanal’. Nós mesmos estamos acomodados com esses versos e, agora, estamos incentivando a criação de novas cantigas, o que vai fortalecer cada vez a nossa cultura”, comentou.
Ela lembra que, no passado, durante as festas nas fazendas, os versos fluíam com maior facilidade, naturalmente. “Agora, nos estamos incentivando os cururueiros a criar novos versos. Estamos sendo os incentivadores dessa criação, pois o folclore está sempre sendo recriado e não podemos deixar morrer”, completou.
O cururueiro Vitalino Soares Pinto disse ser importante a mudança, principalmente porque está acontecendo junto com os jovens. “Eu acho bonito, pois eu me dedico a essa dança desde que eu era moleque. Eu danço siriri, toco viola, eu gosto muito. Pra mim é a melhor brincadeira que tem, e essas mudanças nas cantigas estão sendo boas, e o ritmo a moçada pega rápido porque já acostumou”.
A bailarina e professora Carmem Palhano, participou da primeira formação e agora também faz parte dessa renovação do Siriri. “Eu fico feliz por poder participar da primeira e agora da segunda versão. A gente faz a união do conhecimento deles com as cantigas e a gente adapta ao nosso corpo. A intenção é estar atraindo mais jovens, porque a gente não pode deixar morrer a nossa cultura. Acho tão importante que eu estou colocando as minhas alunas pra olhar, porque elas já seriam uma terceira ou uma quarta geração”, concluiu.